Um Dicionário único (1)
É uma expressão frequente cá nesta zona do Minho. Por mim, a primeira vez que ma atiraram foi aquando do exame da quarta classe: " comeste focinho de porco! ". Constava da prova a feitura de um trabalho em que deveríamos mostrar as prendas de mãos de cada um. Entre as raparigas era de uso bordar ; para o efeito tinha a minha mãe adquirido em retrosaria um pequeno pano com o desenho de um morangueiro - havia de guarnecer com linhas coloridas, enfiadas em agulha, um vistoso morango que saía de entre um par de folhas. Mas as minhas mãos não haviam sido talhadas para tal labor! E só com muita benevolência as examinadoras me despacharam com um " razoável " nesse, para mim, trabalho hercúleo. No fim do exame, de que me saíra bem nos restantes quesitos, fui brindada com aquele dito pela D. Maria, a minha professora. Foi esta expressão que fui reencontrar quando pela segunda vez me lancei na leitura do Dicionário Falado de Tomaz de Figueiredo: mãos pecas, desajeitadas, " maninhas ".