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deixado pelo António: " Pelo que apreendo do seu pensamento que tenho acompanhado ao longo dos tempos, deduzo que a Cristina não se revê em qualquer modelo actualmente existente ".
Depois de ter respondido que, obviamente não, reconhecendo o meu idealismo, o de viver numa monarquia constitucional como a que ( por tão pouco tempo! ) foi protagonizada por D. Pedro V, fiquei a pensar: não é só em termos políticos que me sinto desenraizada - vejo-me a viver num país cuja História me enche de orgulho, ainda que, vistos à luz d'hoje, alguns dos seus episódios não sejam motivo de orgulho, mas, quando olho à minha volta me entristece - muito -: antes do mais porque já tenho idade para ter visto como ele era antes; quando olho para os pedaços da minha aldeia que resistiram à avalanche destrutiva lembro que toda ela era assim, e recordo que, antes desta onda gigante de consumismo, tudo era mais simples, e éramos mais felizes. E lembro que, de certo modo, a qualidade de vida das pessoas era muito melhor: havia muitos menos automóveis nas estradas, mas havia transportes públicos, sem se ouvir a toda a hora buzinadelas, e o caminho, a estrada, era quase toda nossa.
Quase toda a gente na aldeia tinha o seu pedaço de terra, a cujo cultivo se dedicava em exclusivo, ou acumulava com o trabalho nas fábricas vizinhas, enquanto a mulher, em casa, ia trabalhando nessa mesma terra- quem não a tinha, contava muitas vezes com a solidariedade dos vizinhos, para quem, muitas vezes, trabalhava ao jornal.
É a perda deste tipo de vida que explica que já não haja, com poucas excepções, como quanddo os emigrantes vêm de férias, tantos bailaricos, tantas romarias.
Não é saudosismo, é constatar que o desenvolvimento do país poderia ter sido feito sem perda de identidade.