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Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...
Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...
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que um burrinho ajudara a aquecer aquele menino que há muito tempo havia nascido em Belém, lá longe, num país desconhecido, mas o menino, esse, conhecia-o ele, pois que todos os anos, em noites frias assim, ficava lá em casa deitado numa caminha de palha que o pai lhe arranjava, pertinho da lareira, onde o frio não entrava. Tinha agora de fazer o mesmo pelo Castanho, o burro que lá no curral, junto ao gado que todos os dias pastoreava, devia estar a tremer de frio; o Castanho tão amigo, que o olhava com aqueles olhos tão meigos...
Levantou-se, e depois de trocar um olhar cúmplice com o menino na caminha de palha, foi buscar uma manta: o Castanho ia ficar quentinho.
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- Jogar a pinhões...; temos de jogar a pinhões na noite de Natal. Os mais pequenos não conhecem essa tradição, de que tanto gostávamos na idade deles...
- Precisamos então de comprar um Rapa, e arranjar pinhas.
Enquanto saboreávamos as batatas com bacalhau, as pinhas, bem no meio do borralho, na lareira, aqueciam até se abrirem, e delas podermos, depois da ceia,tirar os pinhões, que submergíamos na água de um alguidar: só os que iam ao fundo entravam no jogo- os outros eram lançados ao fogo.
Reuníamos os pinhões e lançávamos um dado de madeira, com as letras R, T,D e P- sorte a daquele que Rapava os pinhões todos e azar daquele a quem só saía a letra P, de " põe".
Fosse qual fosse o resultado, o saldo era sempre divertimento certo.
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Já todos em férias escolares, primeiro os mais velhos, que já frequentavam o Secundário, em Guimarães, depois nós os que ainda éramos alunos da D. Maria ou da D.Laurinha, na Escola Primária de Sande. Nesse dia, que é também o do aniversário duma irmã, a programação televisiva, até ao cair da tarde, era preenchida pelo " Natal dos Hospitais ".
Bem agasalhados, lá nos dirigíamos para o Souto, aqui perto, para apanharmos musgo, o melhor das redondezas: rasteiro e muito verde, era difícil arrancá-lo dos penedos onde crescera- lembro-me de uma vez ter dito ao irmão mais velho que " aquele " era realmente o mais bonito, mas o quão dificultoso ele era, e ele me ter respondido, com o saber de rapaz que já estudava na Cidade, " tudo o que é bom, é difícil"-
Musgo na caixa de papelão, chegara a hora de começar o Presépio: primeiro, desembrulhar as figuras, que a mãe tinha guardado no ano anterior, e eram muitas- além da Sagrada Família, havia os Reis-Magos, os pastores, as ovelhas...
A cabana, sempre muito elaborada, feita com canhotas, era o pai que a fazia.Depois podíamos dar asas à imaginação: lagos com papel de prata, caminhos demarcados com serrim...
Com o passar dos anos, o Presépio foi-se simplificando, até chegar à forma actual, em que só a Sagrada Família, o burrinho e a vaquinha aparecem, mas à volta dela os pequeninos ainda se extasiam.
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