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O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

Tinha dez anos quando rebentou a II Guerra Mundial.

Cristina Ribeiro, 20.04.10

                                                                                 

 

 

Conta que por esses dias, todas as tardes se dirigia a casa do Professor Marques, que o acompanhava desde os seis anos, o ensinara, entre outras coisas, a ler, escrever e fazer contas, a fim de ler o jornal que, diariamente, relatava da evolução do conflito, e que, como bónus extra, ainda comia bolachas no lanche que a empregada do senhor Marques sempre providenciava.

Dele diz ter sido o grande Mestre que o preparou para a vida, e lhe pegou o bichinho do amor aos livros, desde o momento em que lhe abriu a porta da sua biblioteca.Uma pessoa de quem fala amiúde, e entusiasticamente: uma 4ª  Classe melhor que muitos 12ºs anos !...

Do baú do meu pai

Cristina Ribeiro, 20.04.10

 

Vizinho do professor, o senhor Marques, com ele aprendera a ler na Cartilha Maternal, de João de Deus, ainda antes de entrar na escola, em 1935, mas quando nesse ano começou a ir para aquela mesma casa grande, oferecida à aldeia pelos senhores de Lisboa, donos da quinta ao lado, que também eu frequentaria muitos anos depois, era este o livro que levava na sacola de pano, que cruzara no peito. Ao carinho natural que se dedica ao nosso livro da primeira classe, acresce o facto de na contracapa estar inscrita uma data para ele especial, porque foi o ano em que nasceu: 1929.

De família de moleiros,

Cristina Ribeiro, 11.11.09

 

também, conta o meu pai que, criança ainda,era à sombra de uma árvore e junto ao pequeno rio que passa na aldeia - o Febras: ironia no nome, por ser, na verdade, pequeno ? - , que adormecia a ouvir o doce girar da roda no moinho de água de uma tia, de cujas mãos saía a mais saborosa broa, que bem a degustei durante anos ainda. O moinho da tia avó Lourença não existe já, nem eu o conheci. Dessa altura apenas a argola onde prendia o burro, que puxava depois a carroça com a farinha, essa farinha que iria alimentar a gente de meia aldeia.