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O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

Num dia cinzento, em que, olhando na direcção do Bom Jesus,

Cristina Ribeiro, 16.11.09

 

apenas o posso imaginar, envolvido que está em denso nevoeiro, mas no aconchego de quem, com uma manta nas pernas, e dela abrigada, gosta de ver, e ouvir, cair a chuva, um programa idêntico ao da Si, mas já com o DVD no leitor: rever o « Cyrano » , que vi pela primeira vez aqui numa sala de cinema em Braga. Então, achei brilhante a interpretação de Depardieu, no papel de espadachim exímio, fisicamente pouco dotado, mas, lei da compensação, dono de intelecto e sensibilidade capazes de fazer apaixonar a prima, que, enganadoramente, pensava suspirar por um bonito mas vazio Christian, até que, aqui, o Luis de Gongora da blogosfera portuguesa me pôs a pensar que, nos anos cinquenta, uma outra versão mais brilhante ainda fora protagonizada por José Ferrer. Desde então tenho-a procurado, mas em vão. Resta-me pois voltar ao Depardieu...

Hoje, de manhã, vendo um céu muito azul, e sentindo o sol quente,

Cristina Ribeiro, 05.11.09

 

revi o dia de ontem, e pensei em Scarllet O'Hara, e que " amanhã é ( sempre ) outro dia ". Foram várias as vezes que vi o filme de Victor Fleming,mas nunca li o livro de Margaret Mitchell. Há alguns anos, tinha acabado de ser editado, preparava-me para apanhar o avião para Florença, quando na livraria do aeroporto vi um volumoso livro entitulado «Scarlett» - não retive o nome do autor - ; pretendia ser a sequela da saga centrada na filha de emigrantes irlandeses ; apesar de levar leitura para a viagem, decidi-me pela compra- afinal tinha gostado muito de « E Tudo o Vento Levou»...; iria, por certo, reencontrar a Scarlett de Vivien Leigh, e o Rhett de Clark Gable... O engano não tardou a ser desfeito: lidas duas páginas e o, agora livrinho, era posto de lado, à espera de um caixote de lixo que o recolhesse. Mais uma vez concluía haver coisas nas quais se não deve remexer.

 

Dezembro de 2008

No dia - 22 de Junho - em que na Grã-Bretanha, a Igreja Católica venera

Cristina Ribeiro, 01.11.09

 

St. Thomas More, designado padroeiro dos políticos ( que os ilumine! ), uma muita rápida passagem de olhos pela biografia que dele escreveu Peter Ackroyd, e a grande pena de não poder rever um filme que passou na televisão, numa daquelas saudosas noites de cinema, na RTP, do qual , além da qualidade da fita, em si mesma, retive a sempre magnífica interpretação de Orson Welles: uma época conturbada da história do País, em que More, pela força dos princípios que revelou, e corajosamente sustentou, até à machadada que lhe faria rolar a cabeça, por contrariar a prepotência, que achava desajustada e imoral, até, do seu rei, Henrique VIII, mereceu o epíteto de « Um Homem para a Eternidade ».

A florzinha branca dos Alpes.

Cristina Ribeiro, 21.10.09

 

Quando, ontem à noite, vi, e comentei, este post de João Távora, não contive um sorriso: lembrei a tarde, teria, talvez, sete anos, em que, no Teatro Circo de Braga fomos todos vê-lo -seria a primeira de muitas vezes, agora na televisão, até que me cansei -. Como é costume enraizado cá em casa ( tinha de me calhar uma família assim, logo a mim que muito prezo a pontualidade :) ), chegámos tarde; no momento em que a preceptora se sentava em cima da pinha, colocada na sua cadeira pelos diabretes, o que me divertiu muito. Relembro as cenas todas, e o facto de, nos dias seguintes, comentarmos, eu e as minhas irmãs, as peripécias que nos tinham encantado - recordo com particular pormenor o termos retido a cena em que a mais pequenina dos Von Trapp queria, porque queria, mostrar o dedo magoado à Fraulein que regressara ao convento...; o quão bonito acháramos o capitão, nós que nos pensávamos com direito a encontrar um homem tão charmoso...; o termos confessado que ficáramos com um nó na garganta, com muita pena dele, quando vimos que, com a emoção, lhe falhou a voz ao cantar Edelweiss... Ficámos com inveja quando, na casa de uns amigos, vimos o disco de vinil. Não admira, pois, que quando, muitos anos depois fui a Salsburgo lá tenha comprado o CD. Nunca o ouvi, mas talvez um dia destes queira voltar a ouvir o capitão a cantar Edelweiss.

" Sem dúvida alguma um dos maiores estadistas do século XX:

Cristina Ribeiro, 20.10.09

                                                    

                                       Emir Faisal - Rei do Iraque ( 1921-1933 )

 

inteligente, realista, aplicado, conciliador. Hussein da Jordânia foi sempre - notou-o Falacci quando o entrevistou - um homem simples " .

 E é inevitável que a leitura deste post no Combustões me faça pensar no que poderia ser hoje o Iraque com um hachemita no trono.

 

 

E, revisitando essa época, lembro que vi, mais do que uma vez, o filme que David Lean dirigiu, mas que nunca li o livro que o inspirou.

 

Novembro de 2008

 

                  *Agora já o tenho, mas ainda não o li.

Um grande de Portugal

Cristina Ribeiro, 16.10.09

 

Não me lembro bem do filme de Leitão de Barros, mas retive a imagem de António Vilar a declamar no Paço da Ribeira, na presença da Infanta D. Maria. Recordo tê-lo visto, e ouvido, a pedido das damas do Paço, que lhe propunham um mote, a todos deliciar com um espantoso « Amor é fogo que arde sem se ver ».

O nosso Poeta maior... E é sobre a sua obra maior que leio, na reprodução do prefácio de uma edição d'os Lusíadas, da autoria de Ramalho Ortigão: «Os Lusíadas são a pedra monumental sob que jaz a glória da Pátria, e é nessa pedra que terão de vir afiar as suas espadas de combate todos os portugueses que se armarem para resistir a esta invasão terrível com que lutamos e que se chama- a decadência».

 

Não me lembro muito bem do filme, mas lembro ter ficado fascinada com o que acabara de ver.

 

Um cão que ria,

Cristina Ribeiro, 11.10.09

 

o de Vasco Santana. Hoje de manhã acordei com a voz do actor, à conversa com Igrejas Caeiro. Assinalavam-se os cinquenta anos da sua morte. E ele dizia que tinha um" cão engraçado", porque ria. E eu lembrei-me de todas as vezes em que ele me fez rir. A noitada de Santo António, e a alegria que lhe andava associada, chegou até nós muito pelo que deixou na tela:o manjerico para a Dona Rosa, o tostãozinho para o Santo.

 

 

13 de Junho de 2008

" Caro Fabrizio, estou a escrever-te num estado de extrema prostração.

Cristina Ribeiro, 10.10.09

 

Lê as terríveis notícias que vêm no jornal. Os Piemonteses desembarcaram. Estamos todos perdidos. Esta mesma noite, eu e a família toda vamos refugiar-nos nos barcos ingleses. Decerto quererás fazer o mesmo." («O Leopardo», de Giusepe Tomasi di Lampedusa) Sentada no sofá, muitas foram as vezes em que os olhos paravam neste título, na lombada de um livro fininho, há muito tempo na estante, sem vontade de o abrir, com receio de me decepcionar, tanto gosto do filme protagonizado por Burt Lancaster. O normal é o contrário: decepção com a adaptação cinematográfica da obra literária; mas este filme de Visconti está num pedestal tão alto...; acontecera uma coisa assim com «Despojos do Dia», em que tive medo de o livro não ser digno das interpretações de Anthony Hopkins e Emma Thompson... Até que ontem o livrinho venceu esses receios, e já vou a meio, sem que tivesse ainda vontade de o pôr de lado.