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O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

" Manuseie o bom Morais com mão diurna e nocturna.

Cristina Ribeiro, 18.06.14
 

                                                    Casa de Aquilino Ribeiro - Carregal, Sernancelhe.

 

Gaste assim as suas economias, não as malbarate em fofas novelas gafadas de galicismos ", escreveu Camilo castelo Branco no livro « Cancioneiro Alegre »

 

Quando leio a boa prosa do escritor beirão, são muitas as vezes que recorro ao dicionário, tantos, mas saborosos, são os regionalismos.

Pouco que fosse, nos anos setenta do século passado havia algum trabalho na divulgação da nossa boa literatura. No caso de Aquilino, logo nos primeiros anos do Ensino Secundário ri com as proezas da Salta-Pocinhas, n« O Romance da Raposa » e do almocreve prodígio no jogo do pau, n« O Malhadinhas ».

Hoje estou certa de que foi esta primeira incursão na escrita riquíssima do homem do Carregal que me abriu o apetite para depois ler outros livros seus. 

 
 

O bom combate ... literário.

Cristina Ribeiro, 01.03.12
 
 
 

« Quando o coração me falha neste dialecto de escrever livros, volto-me para Camilo, que é sempre rei mesmo em terra de ciclopes. Volto a folhear O  Romance de Camilo, de Aquilino Ribeiro, obra de muita substância e conhecimento ».

 

                   Como Agustina volto a ele, e seguidores da escola de bem escrever, como a própria, Aquilino também, porque se não gosto da figura, o génio, esse, impôs-se com todo o valimento. Um regresso que não obedece às mesmas razões da "  maior escritora do nosso tempo ", mas por precisão de ver a língua portuguesa bem tratada, depois dos desmandos a que tantas vezes é sujeita.

 

Acrescenta não ter chegado ainda " a vez de darmos a Aquilino o que lhe é devido: uma grande admiração ". Admiração que nos merece o autor desse livro enorme que é A Casa Grande de Romarigães, esquecendo, enquanto o lemos, os também enormes aleijões daquele que o escreveu...

Uma « Crónica Romanceada »

Cristina Ribeiro, 11.05.10

 

 

 

o primeiro livro que li de Aquilino Ribeiro - «Casa Grande de Romarigães », leitura em que reconheci os passos do tão estimado Camilo, indo ainda mais longe, até criar um estilo próprio.

É sobre o escritor de Sernancelhe, que ao livro antes citado de Luís Forjaz Trigueiros vou buscar as seguintes linhas:

    " Ao cabo decidimo-nos pela visita a Romarigães, atirada agora por Aquilino Ribeiro para as bocas do mundo. Lera precisamente agora o seu livro e a visita à Casa Grande seria a ilustração viva da leitura.(...) Ao começo da tarde metêmo-nos a caminho.

 Passámos Ponte de Lima, os seus solares, eidos e velhas quintas.

( ... ) Levávamos um fito certo. Por isso não nos detivemos lá em baixo em Aurora, não demos um salto a Bertiandos, não parámos no Cardido, nomes amigos no leque da paisagem limenha. Dentro em pouco avistámos o planalto de Coura e já se deparava a torre restaurada da capela de Romarigães: carvalhos, salgueiros, olmos, tudo isto faz a mata que envolve a Casa Grande e tornou a Aquilino esta « abertura » sinfónica que são as primeiras páginas do seu livro: « de um pinhão que um pé de vento arrancou ao dormitório da pinha-mãe e da bolota que a ave deixa cair no solo, repetido mil vezes, gerou-se a floresta »

(... ) Eis Aquilino num quadro que está longe de ser o seu, as terras do demo são bem diferentes daquelas. (...) Porque ele, homem de serras beiroas ia ali de vez em quando. (...) Não me disse Aquilino, nem eu lho perguntei, se a famosa resma que descobriu «  num armário não maior que o nicho dum santo embutido na ombreira da janela » existiu de facto, assim mesmo, ou faz parte também da ficção..."

 

 

       Esse seria o primeiro, na verdade, mas logo a estante começou a encher-se com os livros deste escritor regionanalista, onde a fala do povo emerge em cada frase numa pureza castiça e sã.