Que o país está pior do que antes do 25 de Abril
acusam muitos portugueses.
À beira da irrelevância, disse há tempos um sociólogo. Não só irrelevância económica - longe disso -, mas também. Esta é, aliás, apenas uma consequência;
como escreveu António José Saraiva, " Nunca se viu uma crise económica gerar uma crise moral ou espiritual. O contrário é que é verdadeiro. É sempre a falta de " tónus" moral, a falta de espírito de iniciativa, a falta de confiança em si próprio, a falta de entusiasmo que geram o fracasso(...). Na nossa história, aliás, temos o exemplo disto. Nunca a situação económica de Portugal foi tão catastrófica como na época de D. João I. O País estava em guerra de sobrevivência: os fidalgos que possuíam parte da riqueza tinham emigrado em grande número para Castela; o comércio estava interrompido pela guerra. Todavia, nessa época manifestou-se um Fernão Lopes, construiu-se o mosteiro da Batalha, ganhavam-se duas das batalhas mais importantes da nossa história, Aljubarrota e Ceuta, existiu a Corte mais culta que houve em Portugal. Se a teoria da " crise económica que gera a crise moral" fosse verdadeira, Portugal não seria independente desde o século XIV".