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O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

« Em Demanda do Graal » *

Cristina Ribeiro, 02.06.14
 
A gota d'água foi aquele " caso " com o príncipe Carlos da Grã-Bretanha. Quando, há uns anos ( dois? ), quis intervir nos assuntos do seu país caiu o Carmo e a Trindade lá do sítio. Os políticos ergueram-se todos à uma a gritar: que se limitasse ao papel a que o confinaram, de viajar,  ir a festas e jantares, e pouco mais, porque para decidir do futuro do Estado estavam lá eles, os partidos. 
Consciencializei-me que estava a defender um simulacro, que tinha que ir em demanda do verdadeiro. E comecei a ler os integralistas. Aquela coisa de " não ter vergonha de pensar ".
 
 
                                  * Título de livro de Afonso Lopes Vieira

" Ouvi: eu planjo, eu planjo as badaladas!/Tombam, compassadas tombam,/lágrimas ermas, tombando/ sobre as almas alarmadas/ escutando... *

Cristina Ribeiro, 14.10.13

Na secção dedicada aos livros que por então iam sendo editados, João da Rocha, colaborador da « LÍMIA- Revista mensal ilustrada de letras, ciências e artes », propõe, no nº 8 da Revista, de Maio de 1912, entre outras a leitura do livro que, no ano anterior, dera ao prelo Afonso Lopes Vieira. Livro de poesia, género em que o multifacetado escritor de Leiria se estreara em 1897, com « Para Quê? ».
Nessas " Impressões Pessoais " discorre dest'arte o referido jornalista: " ... Curtas e leves, as poesias das frescas e radiosas « Canções » são como brancas ou irisadas borboletas voejando entre as verduras olorosas dum jardim. Lê-las é amá-las, decorá-las, repeti-las lentamente como quem sorve, a golos inteligentes, um licor precioso, feito de sucos e essências naturais. Há uma sã alegria neste livro ( ... ), e se por vezes a contemplativa melancolia ou a piedosa ternura, como um óleo doce e brando se entorna, se derrama sobre a agudeza e a amargura dos espinhos e das dores, logo um sorriso de alada ironia vem temperar a sensibilidade que se queda e esquece... "

 

Assim são os versos daquele que, nas palavras de Hipólito Raposo, " foi sagrado Grão-Mestre de Portugalidade.

Profeta e apóstolo descendente de Bandarra, em nenhum outro português contemporâneo mais viveram e latejaram as pulsações do coração da Pátria "

    
              *in « Canções do Vento e do Sol »

« Ditoso o Poeta que lançou ao vento esta canção sem fim »

Cristina Ribeiro, 20.09.13
" Preciso de ir beber à fonte dos nossos Cancioneiros a água fresca da Língua donzela, a que canta como zagala, nas bailias ágil, matinal nas albas, marinha nas barcarolas. Verbo que ensaia as asas e chalreia, linguagem a fresco, ela me limpa de crostas sobrepostas de adjectivos, da lazeira dos lugares-comuns.
Ei-la, a mezinha adorável - a nossa língua românica, de linho grosso, a doce e rude. E quantas vezes, lendo autores sábios, me lembro dela como o poeta da namorada: " Que soydade de mha señor hei..."