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O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

Recolhido vos vejo, Fernão Mendes,

Cristina Ribeiro, 12.05.16

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bem ao contrário do vosso natural..

. - Tendes razão, meu amigo; estou aqui a perguntar-me se devo ou não levar ao prelo as minhas andanças pelo Oriente, como quer minha pena...

- Bem vos entendo, porquanto mui fantasiosas parecerão, a quem as ler, essas estórias que animam os serões de vossa casa, apesar de as saber eu verdadeiras.

- Vedes, pois, porque duvido do acerto da empresa...; mas, adiante, que delas quero deixar notícia...

 

 

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Por terras da Galiza

Cristina Ribeiro, 07.01.16

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Que procurasse pelo antigo Couto Misto de Rubiás, dissera-me o Duarte. E, de todas as vezes que voltei àquelas terras de Montalegre, este conselho não me largava. A oportunidade surgiu nesse fim-de-semana: era um daqueles dias soalheiros de Outono, o último do ano, que o Inverno já aí estava, com os dias cinzentos e chuvosos. Entrados em Espanha, foi coisa de poucos quilómetros até vermos a placa; então era ali que, até 1864 - data da sua extinção, por assinatura do Tratado de Lisboa ( sempre esse nome de má memória, a lembrar o que, muitos anos depois, em 2007, confirmava a cedência das soberanias nacionais, a pretexto de " intensificar a união da Europa ") - existiu esse Couto, onde qualquer documento se escrevia " em português e em castelhano "... Mas logo nos demos conta de que, porque tínhamos saído tarde de casa, teríamos de aí voltar, para melhor conhecermos as terras que, desde tempos medievais, haviam integrado um Estado Autónomo encravado entre Montalegre, do lado português, e a Galiza, do lado espanhol, que, por isso, era governado por leis próprias. É que o tempo fizera-se pouco, e o que entretanto aprendera sobre esse território privilegiado justificava maior demora. E o pouco que vimos prometia: em terras Galegas, era como se continuássemos o nosso périplo pelo Barroso.

No dia em que se comemora o Santo, lembrar o Herói.

Cristina Ribeiro, 06.11.13
" Como não é possível separar o santo do herói, o homem de Estado do homem de Religião, o monge do paladino, tendo em vista que durante toda a sua vida foi Nun'Álvares o mesmo em santidade, em belicosidade e em acção política, parece estranho, à primeira vista, que elevemos aos altares um guerreiro que desembainhou a espada, não em luta contra os inimigos da Fé, mas contra um povo irmão em cristandade e além do mais aparentado com os portugueses pelos vínculos étnicos e históricos. ( ... ) Eram os de Castela bons cristãos, e no entanto se atiravam contra Portugal numa invasão sob todos os títulos injusta. ( ... ) Ao contrário do que sucedeu com muitos nobres, a intuição popular logo sentiu que se jogava , afinal, com a integridade da própria personalidade política da Pátria, sujeita a ser absorvida e para sempre apagada. E Nun'Álvares, não somente pelo seu génio, como pelo contacto com o povo nos tempos de lavrador nas suas terras de Entre Douro, viu claramente do que se tratava e rompendo laços fraternos, pôs-se a caminho de Lisboa, onde jurou fidelidade ao Mestre de Avis. Vêmo-lo, daí por diante, a batalhar no Alentejo, a comparecer na grande Assembleia de Coimbra, onde se discute o problema da sucessão. ( ... ) Tinha já Nun'Álvares bem feita a ideia de que Portugal era uma Nacionalidade, com marcada missão no mundo e destino muito próprio. 
............................................................................................................... A lição maior de todas as que nos legou Nun'Álvares é, entretanto, a da sua própria santidade. Ele nos ensinou que tudo o que se faz na terra deve ser com os olhos e o coração postos no céu. Sendo rico fez-se pobre, e sendo grande fez-se pequeno. Ensinou-nos que o supremo destino do homem está em Deus. "
Plínio Salgado in Revista « A Nação »

Um aniversario Real e uma batalha decisiva ( 25 de Julho ).

Cristina Ribeiro, 03.10.13

Sabe-se que quando um facto histórico não tem prova documental a atesta'- lo, o historiador apenas pode socorrer-se da tradição; tradição que pode ter uma base documental pouco segura e até contraditória , ou, na falta de qualquer pista escrita, que se limita 'a transmissão oral através dos tempos; parece-me estar neste caso a efeméride hoje comemorada, que nos diz ter D. Afonso Henriques nascido num 25 de Julho. 
Menos consensual parece ser o ano de tal acontecimento. Aprendi na escola prima'ria ter tido o nosso primeiro Rei nascido em 1111, baseando-se tal tese em refer^encias vagas na Crónica dos Godos, o que explica que, 'a margem das comemorações oficiais, em 2009 , um grupo alargado de vimaranenses, para quem a Tradição fala mais alto, festejassem os 900 anos de D. Afonso I em 2011. Não e', porém, essa a opinião quer de Alfredo Pimenta, quer do Padre e historiador Luís Gonzaga de Azevedo, que, baseados, nomeadamente,no relato da vida do primeiro santo português, S. Teoto'nio, contemporâneo de D. Afonso Henriques - nasceu em 1107 - e seu amigo, dão o futuro Rei como nascido em 1106.



Anos mais tarde em 1139, tinha sido já dado o primeiro passo no caminho da Fundação da nacionalidade em S.Mamede, travou-se no lugar de Ourique ( " situado quer no Baixo Alentejo, quer no Cartaxo, cerca de Santarém , quer junto 'as nascentes do Lis, próximo de Leiria ". -João Ameal ) uma importante batalha, pois " 'a semelhança do filho de D. Urraca, anos antes coroado imperador após os seus triunfos contra os Almora'vidas também o nosso D.Afonso parece ter-se atribuído o título de Rei- título que muitos lhe dão desde 1128, tanto aqui como além-fronteiras " )
Escreve Alfredo Pimenta no seu < Elementos de História de Portugal > : " A 25 desse mês de Julho, o exe'rcito português encontrava, a barrar-lhe o caminho, no lugar de Ourique, um exe'rcito de mouros. Deu-se a batalha de que sai'u completamente vitorioso o português "

Era tarde já,

Cristina Ribeiro, 12.11.10

 

 

 

 

mas não resisti a uma pequena ronda pela blogosfera. E atentei especialmente numa pergunta que nos fazia  Afonso Miguel: " e se D. Nuno estivesse estado sempre presente na nossa história? E se nos tornássemos um pouco à sua imagem para o fazer viver no tempo presente?

 

Para mim, que desde sempre o admirei tanto, em todas as facetas de uma vida ímpar, que nele vejo uma das figuras em que mais se espelha o orgulho de ser portuguesa, a resposta foi óbvia - teríamos Portugal de volta, tenhamos nós o valor de pegar no seu exemplo, que penso, pelo que dele sei, mais um homem de acção do que de palavras: essas, deixou-as ele para o Dr. João das Regras.

 

 

Considero o agora São Nuno de Santa Maria como aquele que logo a seguir ao nosso primeiro Rei melhor personifica o amor à Pátria; D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, vai mais longe ao dizer que D. Nuno foi o segundo fundador da Pátria portuguesa .

 

 

Lá diz o ditado: as lembranças são como as cerejas...

Cristina Ribeiro, 26.04.10

 

" E quando veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles (os índios) se levantaram conosco e alçaram as mãos, ficando assim, até ser acabado: e então tornaram-se a assentar como nós... e em tal maneira sossegados, que, certifico a Vossa Alteza, nos fez muita devoção." - Carta de Caminha a El-Rei, 1º de maio de 1500

Um excerto da carta em que Pêro Vaz de Caminha informa D. Manuel que a armada sob o comando de Pedro Álvares Cabral chegara, a 22 de Abril, a terras que logo baptizaram de Vera Cruz. Nele se refere a primeira missa ali realizada . Foi no dia de Páscoa, que calhou a 26 do mesmo mês, faz hoje anos.

 

Dez anos antes, em 2000, a Páscoa foi no dia 23 de Abril. Fomos passá-la a Sousel. No dia anterior ficáramos em Ourém; o Sporting estava a um passo de ganhar o campeonato, e o jogo de Sábado com o Marítimo ( ? ) era decisivo Foi uma explosão de alegria quando ouvimos da vitória sportinguista.

Na manhã seguinte prosseguimos caminho ( iríamos passar lá a Segunda-feira, que por cá é dia feriado ), e, uma vez chegados à Pousada fomos

presenteados com uma reprodução daquela carta, que o EXPRESSO ( ? ).distribuira juntamente com o jornal

 

 

 

 

 

Coisas do nosso dia-a-dia, em que coisas tão prosaicas, como um campeonato de futebol, são associadas a outras que marcaram indelevelmente a história de um país...

Caravelas ( 2 )

Cristina Ribeiro, 07.04.10

 

 

Com a mão a proteger o rosto - e que forte estava o sol ! - relembrava aquele dia, havia muitos anos já, em que, com a mãe, fora ver as caravelas que levavam como destino a demanda desse Oriente, de onde chegavam notícias de um mundo novo a descobrir. Como  rezara então para que os homens que nelas iam fossem bem sucedidos !

Muitas viagens tinham sido feitas desde então, e de todas ela ouviu dizer: " valeu a pena " !

Hoje estava ali, no mesmo Alto do Restelo, esperando a largada das naus, e numa delas ia o seu homem: que, mais uma vez, valha a pena...

Caravelas ( 1 )

Cristina Ribeiro, 07.04.10

 

Acordara bem cedo e , a cada minuto, urgia a mãe : era mister porem-se a caminho de Belém, pois que ouvira dizer que a largada seria bem cedo, e queria arranjar um lugar de onde abarcasse toda a movimentação dos homens que se faziam ao mar...
Chegaram ao Alto do Restelo quando já lá se encontrava muita gente, num bulício que denotava ansiedade. Lá em baixo, na Barra do Tejo, a azáfama era grande.
De repente, um velho que se encontrava ao seu lado começou a vociferar negros vaticínios para aquela empreitada. Assustada, apertou mais a mão da mãe, cruzou os dedos, e rezou para que ele não tivesse razão.