Sabedoria popular: nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
Tinha eu 10 /11 anos quando sofri uma humilhação que nem consigo adjectivar, no salão onde fazíamos ginástica. Já vestidas as alunas,à espera do toque de saída, e a professora, sentada na secretária, reparou que a minha bata estava mais curta do que a saia. Aos berros,literalmente, começou a dizer que a minha mãe devia ser uma daquelas mulheres de soalheiro, que " passavam a vida a dar ao serrote ", em vez de baixar a baínha da minha bata; com um nó na garganta, e, talvez umas lágrimas nos olhos, eu pensava " trabalhasses tu como a minha mãe, desde madrugada à meia-noite ! ; ela nem tempo tem para ver o comprimento da minha bata "; isto numa altura da vida em que as crianças crescem tão rapidamente, que, quando menos esperamos, a roupa deixa de nos servir. E, suprema maldade, disse a uma minha colega para me deitar toda a bainha abaixo. E eu sem coragem para dizer nada ( quantas vezes me penitenciei pelo facto - mas tive medo! )
Voltei a lembrar-me deste episódio ontem, quando aquelas duas alunas se dirigiram à professora naqueles termos, em que agora a humilhada era a professora.
*Quero frisar que essa professora de ginástica era a excepção; as alunas não o serão...