Carta do Minho
" Tenho uma imagem do Câvado guardada para sempre no olhar, que não se cansa de recordá-la. Agosto no fim, já não era dia e ainda não chegara a noite. Vínhamos de Braga, era tarde. (...) Entrava já na estreita ponte sobre o rio e logo o espectáculo me obrigou a esquecer qualquer veleidade de pressa e a deixar o carro adormecer suavemente, aos poucos, até parar entre os muros roídos do tempo e dos abalos. O verde da outra margem diluía-se nas águas azuis sobre as quais o sol despedia uma luminosidade fugitiva " Luís Forjaz Trigueiros, in « Paisagens Portuguesas- Uma Viagem Literária » E no fim da ponte, velhinha no seu granito por onde o verde das ervas espreita, encontrou o escritor, quero imaginar, na manhã seguinte, se aí pernoitou, uma simpática Vila de Prado, de onde saíam em alegre algaraviada, coloridos ranchos de lavadeiras, com trouxas de roupa à cabeça, em direcção ao rio. A minha avó ainda me falou delas, e a ponte está lá, testemunha desta azáfama toda. As águas é que serão outras...