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Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...
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" Li-o duas vezes, que eu desconfio sempre da minha primeira leitura, que é raro coincidir com a segunda: ou me causa uma impressão melhor ou pior. Com a sua admirável novela, na segunda leitura foi melhor a impressão recebida. Feriu-me, sobretudo, no desenho nítido das paisagens, a figura esboçada do personagem principal. Nisto reside o maior merecimento da obra! O ser humano, porque é vivo, é indefinido, perante as cousas mortas ou simplesmente animadas. Este contraste, tão eloquente! no seu livro, porque faz ressaltar a verdade que vislumbramos no panorama do mundo, feriu-me, repito, duma maneira muito especial e original! Trata-se duma escritora de raça, dotada de excepcionais qualidades visionárias, do instinto do real. Sem este instinto, há só literatura, e mais nada. Se os românticos excederam a realidade, caindo na falsidade, os chamados naturalistas cometeram o pecado contrário, e tornaram-se inferiores à Natureza. A autora do « Mundo Fechado » não praticou esses erros. E, por isso, a felicito com o maior entusiasmo! "
Carta de Teixeira de Pascoaes, agradecendo a oferta do primeiro romance da escritora amarantina.
* Agustina Bessa-Luís
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No prefácio escreve Aníbal Pinto de Castro: " Não sei de outro prosador que, como Tomaz de Figueiredo, tanto e tão bem tenha tocado música com as palavras da poesia".
Nada mais certo! À medida que me vou familiarizando com o solitário - « Que noite de solidão! Que solidão a minha! Só a conversar com sombras menos que fantasmas » - da Casa grande e gélida - « Deixa-te ficar aqui ao lume, porque para ti, bem o aceito, há-de estar muito frio.»- , quanto mais testemunho aquele monologar amargurado, qual Senhor Shakespeareano de Elsenor, em que se dirige à " mulher tanto mais amada quanto mais ausente", mais escuto a poesia, que nunca dissocia da música - «..meu amor, minha música, meu céu imaginado, Beatriz.... Ouve, que vou tocar-te um sonho que sonhei ».
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O que eu cá fico a conversar comigo.(...) A conversar com ela própria, bem a senhora o tinha dito. Passada certa idade, as pessoas vêem sempre à roda um nevoeiro de sombras, vivem de diante para trás. Então naquela noite...Rezara e rezara, fiara e fiara, até espiar a roca, fora finalmente deitar-se, por ter de ser, quando não pouco tardaria em trazer as horas trocadas: o dia a ser noite, a noite a ser dia.
Um nevoeiro de sombras... E então naquela noite, em que dera e redera voltas na cama, em que ouvira todas as badaladas do relógio, até ao luzir da manhã... Que temporal ia fora, Santo Nome do Senhor ! Pois quem houvera de o cuidar, depois de tão quieto dia de sol ! Pelo alto bem ouvira grasnar corvos, sim, já era sinal de ventaneira brava, de trovoeira grossa"
( "Insónia" - «Novelas e Contos» de Tomaz de Figueiredo )
Mais um livro do Mestre minhoto, a fazer as delícias...
Abrir o volume à sorte, e encontrar sempre este purismo na escrita, esta limpidez na linguagem.Ouvir gente nossa a falar de coisas nossas...
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Ali numa daquelas casas só de lojas e de guerindés no telhado ».
Um vocábulo mais que me era desconhecido. Não, nunca o tinha visto mais gordo, em palavra escrita, ou sequer ouvido.
Como sucede quando leio Camilo, o Dicionário é a todo o instante folheado. Mas nanja! E foram vários a que perguntei. Esqueço; - "perguntarei a uma pessoa mais antiga, pode ser..."
É então que, logo a seguir, o Tomaz vem em meu auxílio: « Que são guerindés? Aquilo que chamais mansardas, e devíeis chamar trapeiras, ao menos. E guerindés até parece que os estamos a ver. Dessas tais palavras que falam...».
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