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O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

Naquela manhã, na Estação Central de Amsterdão,

Cristina Ribeiro, 21.03.10

 

quando vimos o comboio com destino a Antuérpia, nós, as irmãs, porque a sobrinha é ainda muito pequena para saber da importância dessa cidade na nossa História, tivemos o mesmo pensamento: dispuséssemos de mais tempo e iríamos, seguindo os passos dos nossos compatriotas dos séculos XV e XVI, mas de um modo incomparavelmente mais confortável, em demanda da Flandres, ali tão perto; Bruges e Antuérpia, são cidades nossas " conhecidas " desde que ouviramos falar nas Feitorias, onde se comercializavam as riquezas trazidas, depois de muitos trabalhos, da Índia, e desde então a vontade de " voltar " a visitá-las. Não seria ainda desta vez que lá iríamos procurar vestígios da passagem do amigo português de Erasmus e de Dürer.

" Não há tempo. Fica para outra altura; há mais marés que marinheiros ", prometemo-nos.

Se Goethe chamou Varanda da Europa

Cristina Ribeiro, 09.03.10

 

à cidade que se debruça sobre o Rio Elba, Jaime Nogueira Pinto chama a Lourenço Marques a Varanda do Índico; de todo um Oceano desbravado pelos valentes marinheiros que partiam do Tejo sem saber mínimamente aonde iriam aportar, ou, sequer, se a braveza do mar os deixaria arribar aonde quer que fosse. E eu que nunca fui a África, e só a conheço de relatos como este, sou levada a pensar que sim, que a cidade é mesmo essa varanda, construída pela Natureza, mas onde é inegável a mão portuguesa, aonde podemos e devemos sempre voltar, depois de uns devaneios que nos desviaram da rota certa.

Embrenhada na leitura do primeiro dos dois

Cristina Ribeiro, 17.11.09

 

volumes sobre as duas guerras mundiais, fácil se tornou o extrapolar para o que em Portugal se passava à época: recorro à compilação dos fascículos, assinados por Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes, publicados pelo Diário de Notícias: « A guerra não desatou o nó górdio. Também não foi a última das guerras. O mundo novo prometido não passou de uma grande ilusão. Os povos europeus, destroçados (...) , foram-se erguendo sobre os seus mortos». A revolução da rotunda acontecera havia pouco tempo, e a participação de Portugal no conflito, através do Corpo Expedicionário Português, apenas visava os interesses dos próceres do Partido Republicano, que assim pretendiam a aceitação internacional, sem olhar a meios.

 

 

Foram lá passar estes dias; a São Tomé e Príncipe.

Cristina Ribeiro, 07.11.09

 

" A melhor viagem de sempre ", dizem. Mostram fotografias, contam histórias. Muitos sorrisos quando falam neste e naquele. Episódios de empatia. Mais sorrisos. O calor que transmitem. As saudades que já sentem, Lá, deixaram a promessa de voltar. " Na roça de Portalegre, - contam- perguntam-nos porque é que os portugueses não voltam ".

 

Janeiro de 2009

Mais uma pausa na leitura da biografia

Cristina Ribeiro, 25.10.09

de Fontes Pereira de Melo, de Maria Filomena Mónica, para notar que " Em 1859, eram adoptados os círculos uninonimais (..,) Que teria passado pela cabeça de Fontes, um centralista notório, para patrocinar uma lei que retirava poder ao Executivo? A resposta só pode ser uma: a de que se vergara à vontade do rei. De facto, desde há muito que D. Pedro V se vinha a queixar da forma como decorriam as eleições em Portugal(...); detestava a centralização do sistema. As suas ideias eram claras: « A centralização, se reduz a acção do teatro político à capital, se separa a vida das classes governantes da vida do povo e o força a viver desafiando a lei, é, na sua própria natureza um sistema constitucional incapaz de funcionar ». O bem estar do país exigia, pensava, a aprovação de uma lei eleitoral que aproximasse os eleitos dos eleitores" E anda essa palavra- povo- por demais na boca dos políticos de hoje... Contrária a uma regionalização, que , com os autarcas que temos, mais não serviria senão para fazer crescer mais ainda o negro fantasma da corrupção, a descentralização, com reforço, controlado, dos municípios, penso-a, também, essencial ao tal bom funcionamento do sistema.

 

Dezembro de 2008

" Em Guimarães, ao longo dos séculos, manteve-se a tradição de no dia 14 de Agosto

Cristina Ribeiro, 19.10.09

 

 se festejar com uma importante cerimónia religiosa a vitória na batalha de Aljubarrota. (...) eram expostas as peças oferecidas por D. João I: o loudel [ que usara na batalha ], a que o povo chamava pelote, e o presépio de prata dourada [ do espólio castelhano ]. 

No ano de 1638, um padre franciscano, Frei Luís da Natividade, foi porta voz do sentir de todo o povo português" (...) quando se dirigiu ao pelote nestes termos:"  - Pelote roto, pobre, esfarrapado e alanceado, hoje é mais próprio chorar mágoas presentes do que celebrar vitórias passadas"

Um pequeno excerto do livro «D. João I e Guimarães» . Referia-se o frade ao domínio filipino, mas se fosse a repetir agora o sermão, poderia utilizar as mesmas palavras.

 

« Com D. João I iniciou-se uma nova dinastia

Cristina Ribeiro, 19.10.09

 

-  a dinastia Joanina ou de Avis. Durante o seu longo reinado de 48 anos travou-se a batalha de Aljubarrota, conquistou-se Ceuta e descobriram-se os arquipélagos da Madeira e dos Açores. Portugal abriu-se ao mundo e conheceu uma nova época. No dizer de Fernão Lopes, D. João I foi o mais excelente dos reis. Um monarca cheio de qualidades que soube ser justo e bondoso, que soube amar o seu povo e por ele ser amado, que soube cumprir as promessas feitas, e que deixou de si tão boa lembrança que ficou conhecido como " o rei de Boa Memória». Hoje, uma sobrinha trouxe-me, muito satisfeita, este livro, que a mãe lhe comprara ontem no Museu Alberto Sampaio, dizendo que já ia a meio e que estava a gostar muito. Tem sido exemplar o trabalho desenvolvido pelos colaboradores do Museu , de divulgação da nossa História, no caso concreto, pela Drª, Rosa Maria Saavedra. Já no mês de Maio, assisti, com ela, a um Teatro de Marionetas, em que era contada a vida do grande Patrono daquela Casa, o que fora precedido por mais um livro sobre a mesma temática. E não ficarão por aqui, muitas que têm sido já as iniciativas destinadas a não deixar esquecer os nossos Grandes.

 

Novembro de 2008

Disse já do quão importante

Cristina Ribeiro, 17.10.09

 

foi, a par do entusiasmo do Professor José Hermano Saraiva, o papel desempenhado pelo meu professor de História, Dr. Rui Madureira, no gosto que, desde logo, me foi transmitido pela disciplina. Não será tarefa fácil conquistar o ânimo de crianças de dez anos para o estudo de uma coisa que já faz parte do passado, pois ser-lhes-á difícil compreender como é que esse Passado se projecta no Presente, mas também no Futuro. No fim de cada tema estudado, o Professor desafiava-nos a, com base nos seus ensinamentos, "colorirmos" o que dele retivéramos. Foi assim que, no fim desse primeiro ano, pudemos mostrar orgulhosamente uma pasta cheia de desenhos do Pinhal de Leiria, de caravelas e naus ou de Padrões que assinalavam a chegada dos portugueses "aos novos mundos".

 

Outubro de 2008

"A trinta de Outubro de 1340

Cristina Ribeiro, 17.10.09

 

travava-se, junto ao pequeno rio do mesmo nome, a decisiva Batalha do Salado, na região de Tarifa e nas proximidades do estreito de Gilbraltar. A coligação dos dois Afonsos, a que se juntaram também efectivos aragoneses, e mesmo genoveses, conseguira infligir uma pesada derrota aos exércitos muçulmanos do reino de Granada e do império merínida de Marrocos, naquela que foi a última grande tentativa de invasão islâmica da Península Ibérica." ( Bernardo Vasconcelos e Sousa, in « D.Afonso IV»- Círculo de Leitores ) Dois anos depois, « O Bravo» mandava erigir em Guimarães, defronte à Igreja da Senhora da Oliveira, e em honra de Santa Maria da Vitória, um monumento comemorativo dessa Batalha: O Padrão do Salado.

 

Encontravam-se, nessa altura, os dois monarcas vizinhos desavindos por causa do descaso, e até humilhação a que o castelhano sujeitava sua mulher, e filha do rei português, D. Maria de Portugal. Mas, face ao perigo que vinha de Marrocos, e por intervenção da própria Rainha de Castela, a mesma D. Maria, que implorou ao pai ajudasse o marido infiel, episódio que Camões tão bem ilustrou nos Lusíadas, nas estrofes que dedica à " fermosíssiomas Maria", os esforços dos cristãos foram recompensados, esquecendo o que os desunia.

 

Outubro de 2008