" Se já viveste em Coimbra algum tempo, leitor,
has-de lembrar-te, de certo, d'aquellas deliciosas e amenissimas noites, com que Deus felicita a cidade letrada, desde que a primavera principia a espalhar flores por cima dos jardins e dos prados, até que o outonno se pôem a desprender dos ramos das arvores a folhagem amarellecida ".
Começa assim, com uma escrita que encontro atractiva na simplicidade descritiva de um ambiente sentido tão português, o livro que, em boa hora me aconselhou o caro Atrida: « A Caldeira de Pero Botelho ». Num primeiro momento, e porque desconhecia o escritor recomendado, Arnaldo Gama, pensei que facilmente o encontraria nas livrarias, mas logo o aconselhador me iria desenganar: talvez o encontrasse num alfarrabista, em tendo sorte... Fui então pelo caminho mais fácil: perguntar ao meu pai, ele mesmo inveterado frequentador desses templos de livros que não se encontram já no mercado livresco; e é que tinha mesmo! A recomendação de o tratar bem, pois que duma primeira edição, de 1866, se tratava... Coisa de bibliófilos, essa de assim valorizar primeiras edições. Eu, a quem importa apenas o que no livro posso ler, será que um dia vou ceder a tal culto? Para já pouco me importa o ano em que foi editado, porém, com tal professor não me atrevo a dizer " nunca ".
Mas o objectivo primeiro deste apontamento é o de falar nas grandes potencialidades da blogosfera, dentre elas a de dar a conhecer novas penas.