Este, muito provavelmente um terreno alagadiço em tempos muito remotos, era o lugar das brincadeiras. A cada dia, mal acabavam as aulas na Escola Primária, era para aqui que nos dirigíamos: os rapazes, para jogar ao botão, antecessor do berlinde, com que brincam os sobrinhos, as raparigas entretínhamo-nos a fazer o nosso "flower power", enfeitando-nos com grinaldas de heras, que pendiam dos muros da quinta ao lado, pertença de uns senhores de Lisboa. Era também aí que, uma vez por mês, parava a carrinha Biblioteca Itinerante da Gulbenkian: era uma festa- cada uma de nós a chamar as amigas, aos berros, literalmente, porque tínhamos encontro marcado com as personagens de Enid Blyton, o Noddy, primeiro, os Cinco e os Sete, depois... Hoje, o Paul continua lá, mas já não é o mesmo: os muros da quinta (tão linda! ), já não têm aquele arvoredo todo, que fazia as nossas delícias; as crianças da Escola deram lugar aos reformados, que aí vão jogar às cartas. Hoje resolvi ir tirar algumas fotografias, antes que o "meu" Paul desapareça para sempre.
Abril de 2008