Queria falar com a minha mãe.
A ver se lhe comprava rifas para ajudar na reconstrução da igreja de S. Martinho de Sande. Pela idade aparente e forma como falou, imaginei tratar-se de uma amiga de infância. Depois foi o assistir, e nela participar também, pois que queria satisfazer a curiosidade, à conversa entre amigas que andaram juntas na Escola Primária há mais de sessenta anos, e continuaram essa amizade na juventude. Separadas geograficamente pelos respectivos casamentos Amiga de quem ouvira falar muitas vezes, mas não conhecia. Fiquei a saber que era uma das muitas que, feita a 3ª Classe, se dedicaram à tecelagem de peças de tecido de algodão, em tear manual, na casa de cada uma delas, mas para uma fábrica da cidade, que lhes fornecia a linha de algodão. -" Lembras-te de quando fugias à tua mãe, para ires enrolar fio nas canelas para minha casa? " -" E quando íamos para o monte da Senhora da Saúde, apanhar os picos dos pinheiros para acendermos o lume? ".
E por momentos foi como se tivesse vivido " o tempo delas ".