Com que reverência começo a ler estas Reais cartas!
Neste livro, que o Conselheiro d'El-Rei D. Carlos " offerece ", como " seu antigo Deputado ", " A Cidade e Povo de Guimarães ", mais concretamente, nas cartas que o monarca escreveu ao seu Ministro do Reino, desde que, a 16 de Maio de 1906, o investe no cargo de Presidente do Conselho, confirmo o que já percepcionara noutros escritos: que, como refere António Sardinha, " D. Carlos foi o primeiro dos integralistas ". Da sua firme vontade, e decisão, de reformar Portugal, dá, desde logo, conta a João Franco nessa primeira carta- « Ha muito a fazer e temos, para bem do Paiz, que seguir por caminho differente d'aquelle trilhado até hoje » -. Com efeito, diz o de Alcaide " A nossa chamada ao poder obedeceu já a um pensamento superior de governo, a que Elle de motu proprio se dedicara. El-Rei decidira romper com a orientação politica e as praticas administrativas de« até hoje ». Forte e incisivo era o dizer; ao mesmo tempo animador e suggestivo. ( ... ). Encontrei em D. Carlos uma segura e reflectida resolução de tudo fazer para não se voltar mais ao « antigo » e a este proposito de reforma governativa se conservou firmemente e inabalavelmente fiel. ( ... ) A Ramalho Ortigão repugnou a onda de insensibilidade e de covardia moral que, depois do 1º de Fevereiro, parecia ter varrido este paiz, e apareceram as admiraveis e justiceiras paginas d«O Rei Martyrizado », que no infortunio e no exilio me foram consolação e desvanecimento ".