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O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

O escritor como revelador de mundos.

Cristina Ribeiro, 22.02.15

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" Meu querido amigo: sempre que o negócio da aguardente me leva aí, à tua encantadora terra, descubro, em cada viagem, em cada saída para essas encantadoras quintas, de carro, a cavalo ou a pé, inéditos encantos em paisagens e costumes, belezas que decerto vos escapam, a vós, indígenas descuidados. ( ... ) não tendes olhos para o dionisíaco esplendor que vos cerca, andais sempre de viseira caída, sempre as pupilas baixas a fossar no lodo " Ao ler esta passagem de mais um livro do autor cuja obra, magnifica obra, por ora me ocupa - Sem Método -, de João de Araújo Correia, eis-me novamente a subir as serras desse Douro alcandorado, na esteira do meu quase conterrâneo poeta, aquele João Penha, que aos amigos Gonçalves Crespo ou Guerra Junqueiro perguntava porque se deslocavam eles, se como ele não careciam de sair do confortável sofá para viajarem para onde a sua vontade os levasse - disso os seus amados livros se encarregavam.

" Está do vosso agrado, o cabritinho? "

Cristina Ribeiro, 20.02.15

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Perguntava a sorridente dona do restaurante da beira-da-estrada, onde paráramos, adiantada que ia a hora para calarmos o esfomeado estômago; porque isto de apreciar paisagens de encher o olho não era de modo a satisfazer o vazio que há muito sentia, ia dizendo... E pronto! lá estávamos nós frente a crepitosa lareira, enquanto lá fora o céu muito azul convivia com o frio que enchera de neve a serra que da janela nos espiava, numa brancura imaculada. Estávamos, mais uma vez, em terras de Barroso. Vilarinho de Negrões, havíamos nós lido na tabuleta à entrada da acolhedora povoação. Que sim, o manjar estava de jeito a ninguém botar defeito...

" Vocês sabem lá... "

Cristina Ribeiro, 20.02.15

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Eram da Holanda, esses dois casais amigos que tanto gostavam de passar o mês de Agosto numa casa que temos lá no Alto Minho. Numa dessas estadias entre nós, estávamos nos anos 80 do século passado, numa altura em que se anunciava já a adesão de Portugal à CEE, uma das senhoras disse que os portugueses ainda haviam de se arrepender de dar tal passo; que não sabíamos o que nos esperava... E ainda estávamos longe da União Europeia -do Tratado de Maastritch -, do Acordo de Schengen, do Tratado de Lisboa, o tal que só quem sabemos achou " porreiro "...