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Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...
Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...
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De manhã, a caminho do trabalho, vimos uma senhora dos seus sessenta anos, a trabalhar na horta, e diz o António: " É uma das irmãs que fugiram para casar "
Claro que já não descansei até saber do que falava...
Há anos, aqui na aldeia, havia um lavrador com um rancho de filhas, todas elas a trabalhar no campo. De todas o pai desdenhava do namorado- resultado: todas elas acabaram por fugir, para casar com quem muito bem tinham escolhido; de uma delas contou que de manhã, e para que ninguém desconfiasse, se dirigira, normalmente para o campo, por via de ceifar o milho, para, mais tarde, e com conhecimento das irmãs, ir a casa , só o tempo de mudar de roupa, e meter se a caminho da Igreja, onde a esperava já o noivo...
E conclui o António: " Aqui na freguesia começou a falar-se que o lavrador tudo isto armava por mor de não lhes pagar a bodo ".
Fosse ela do conhecimento de Camilo, e que belo Romance não escreveria, Meu Deus!...
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mas sempre que " os " oiço não posso impedir-me de fazê-la: porquê. Estão mesmo a fazer de nós parvos, e, convenhamos, porque contam com a falta de memória de todo um povo, convictos que estão de que uns " rebuçadinhos " às vésperas das eleições o faz esquecer do que antes fizeram - rotativamente, ora um, ora outro, quando um dos dois partidos está no poder diz do outro que se limita ao " bota-abaixo ", afinal a mesmíssima coisa que fizera alguns anos antes: há poucos minutos foi a vez de Sócrates, mas essa " deixa " passará, inteirinha, ao senhor que se segue, quando chegar a vez do outro partido ir para o poleiro, e que agora está a " botar abaixo ".
E não se pode mandá-los calar?
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entre amigos, e a eles todos dedicados, começo a ler jornais e a escalpelar as notícias de que só agora procuro eco.
Leio que Bento XVI, na mensagem do Dia Mundial da Paz, disse ontem que a maioria do povo israelita e do palestiniano anseia pela pacificação do território; sei que me repito ao dizer que essa vontade a vi eu materializada naquele bocado do Médio Oriente , mas também acho que nunca é demais afirmar uma realidade que tantos se esforçam por deturpar, torcendo-a a seu bel-prazer, sempre com fins ignotos e enganadores, ajudando irrresponsavelmente, a que por aquelas bandas se eternize o inferno em cenário dantesco.
Incêndio ateado por um punhado de terroristas.
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Chegada agora mesmo do Quénia, aonde fui transportada pelo filme « Algures em África », voo directamente para Viena aonde vou ouvir ( milagres da Tecnologia DVD ) o Concerto de Ano Novo;.Não tardará, espraiar-me-ei pelas margens do " Schone Blau Danau ", que fui encontrar cinzento ao passar pela cidade de Maria Teresa, e mais azul, mas por certo muito longe do encanto imortalizado pelo irmão Strauss, uns anos depois, na outrora também Absburguesa Budapeste.
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Na mesa expõem-se os despojos de quase duas semanas de hostilidades benfazejas. Alguns aviam já as malas para, logo de manhã- " Bem cedo. Temos de evitar as filas de carros " -, rumarem a outros sítios mais ou menos longínquos.
Entretanto, bebe-se até à última gota do cálice ainda entre nós, porque esse é um luxo que não podemos esbanjar.
As últimas gargalhadas, as últimas impressões, " até à próxima oportunidade ".
O chá de jasmim arremata o jantar em que as palavras ditas, e as que se adivinhavam, correram livremente, num leito sem fundo.
Aquecem-se as saudades que já se sentem.
Cada um de nós refugia-se no pensamento de que o reencontro será para breve.
E é então que me parece ouvir o eco da voz da Tia Doroteia: "Já te deitaste? Já dormes? ". Desligo o computador.
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cada um deles traz o seu contributo para a ceia.
No leitor, Nat King Cole vai aquecendo o ambiente, que trataremos de não deixar arrefecer, deitando achas na fogueira da amizade.
Depois virão as rabanadas e os formigos, num crescendo de doçura.
Tudo regado com vinho do quente Alentejo.
Quando, há momentos, abri a porta do frigorifico, para que uma amiga lá deixasse um bolo, disse-lhe: nunca ele esteve tão cheio, ao que ela replicou: é um bom prenuncio...
Que as uvas, aqui ladeadas pelas tão da época maçãs da-porta-da-loja, vos tragam coisas boas no Novo Ano!...
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Uma entre muitas palavras- tantas!- que despertam as memórias de infância, acantoadas não sei onde, mas sempre prontinhas a saltar cá para fora, às vezes porque foram evocadas, às vezes porque vieram atrás de outras.
Esta lembra-me o " SrArmindo ", um vizinho solteiro, que morava numa casa muito, muito especial: a lembrar a toca do coelho que vimos nos livros com animais encantados, debaixo da terra, num sítio que já fora poço, e aonde se ia descendo umas escadas toscas de madeira, era muito apetecida por todos nós, e a nossa mãe já sabia onde nos encontrar sempre que desaparecíamos....
" Cantar os Reis", ouvi, e logo me veio à memória aquela noite, escura, mas não sei se sem estrelas, em que fomos com o SrArmindo cantá-los aos vizinhos; longe, isolados que estávamos- só o tínhamos a ele por perto.
Lembro-me dos mexidos, da aletria e das rabanadas que enchiam as mesas, à espera dos cantores; mas é uma memória muito desfocada...
Saíamos de casa muito agasalhados, porque a noite era fria, e com vozes mais ou menos afinadas cantávamos " Viva lá o Patrão desta Casa ".
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lembrados por João Amorim, e aqui referidos pelo Nuno, denunciando a forma torpe como foram tratados, a minha esperança está, só, no futuro: somos um povo com memória, e quando esta poeira, que anda no ar há já tempo demasiado, pousar, será a altura de lembrar.
Acredito que não se trata de mero wishful thinking: uma Nação antiga como a nossa sempre lembrou os seus maiores; um compasso de espera, apenas. No Futuro, no Futuro...
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Que faria uma pessoa - neste caso eu - que acreditou que o dia 25 de Abril de há 36 anos nos iria levar a caminhos melhores do que aqueles por onde estávamos a seguir, e recordo que se é verdade que nos anos sessenta se vivia já bem melhor do que, soube-o depois, se tinha vivido nas décadas anteriores, continuava a viver-se por cá, não sei se por força de uma centralização castradora, situações de grande injustiça ( embora, e à custa de muito trabalho dos meus, e porque a vida nos deu oportunidades que nem todos tiveram, as não tivesse sofrido na pele, testemunhei-as ), e chega ao fim destes anos todos e constata que nada tem a celebrar?
E assim conclui porque os partidos que nos governaram estes anos todos se equivalem na mediocridade?
Votar em branco chegaria para lhes levar o meu protesto, para os acusar de que me enganaram? Porque mesmo que reconheça numa pessoa ou noutra, potencialidades conclui que de nada isso valerá porque estão inseridas naquela bola de neve viciosa em que se tornou o promíscuo sistema partidário português?
É este o dilema em que me encontro, sem ver um pequeníssimo ponto de luz, que aponte o caminho.
Partidos que nos façam acreditar, mas pelas acções que desenvolvam em prol do bem de todos, e não se limitem a mais discursos empolados mas enganosos, porque desses estamos nós fartos.
E tudo piora quando outros partidos me não inspiram a mínima confiança.
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