" Como não nasceu em berço de ouro, foram-lhe vedados estudos
certamente ao alcance da sua inteligência e da sua curiosidade intelectual. Operário têxtil quando a necessidade lhe impôs começar a ganhar cedo a vida, pertencia a essa honrada e insatisfeita família de autodidactas que se formam no convívio dos livros e dos letrados. A sua vocaçãopara a intervenção social e cultural levou-o a múltiplas iniciativas, a colaborar em jornais e, sem grandes meios financeiros, a ser livreiro e editor. Com a chancela da Livraria Pax, de Braga, editou dezenas e dezenas de livros de ficção, poesia, ensaio e crítica. Ali vemos, acenando-nos da estante, autores como Azinhal Abelho, Amândio César, Rodrigo Emílio, Pinharanda Gomes, Álvaro Ribeiro...Não era a mira do lucro que movia o editor ( não são comerciais esses autores ) mas um acto de serviço a valores não apenas literários. Um dos maiores desgostos da sua vida foi o desaparecimento, contra sua vontade, da Livraria Pax, travestida por mudança de ramo em pronto-a-vestir. Não faltam hoje livrarias e editoras que parecem um pronto-a-vestir..." ( João Bigotte Chorão ) Na mesma ocasião, perguntava o amigo blogger se havia algum livro evocativo do editor bracarense. A busca foi então mais fácil, pois que logo o encontrei na biblioteca paterna, numa edição, muito reduzida, levada a cabo por sua mulher. Lembro-me bem da Livraria Pax, onde, nas palavras do escritor Bernardino Amândio, " se reuniam intelectuais, escritores, jornalistas, num salutar convívio em que José Moreira marcava a sua presença com intervenções sempre vincadas pelo brilhantismo da sua muito consolidada cultura ", porque foi lá que adquiri os primeiros livros, já com meios próprios, e aí conheci o livreiro já numa fase bem adiantada da sua doença, mas a fazer jus à máxima " as árvores também morrem de pé ".