Ora aí estava quem lhe havia de contar a verdade.
Enxergara-a a descer o monte, pela janela da cozinha, onde aprontava o comer para o seu homem, que no campo mourejava desde que rompera o sol já, naquele seu jeito alquebrado e a falar sozinha. Saíu-lhe pois ao caminho, ainda a limpar as mãos ao avental, porque se havia alguém que sabia, pelo seguro, o que se passava na aldeia, era ela.
-Então sempre é certo que o Manel da Zefa se abalou, deixando a pobre com dois crianços nos braços?
-É certo é; e ainda tu não sabes da missa nem metade....Que isto d'homes...
-Ó Ti' Maria, não diga isso. Vai para quinze anos que saí da Igreja de braço dado com o meu António, e nunca por nunca ele me fez infeliz. Tás certa, Marianinha, mas olha que como vocês sei de meia dúzia de casos, não mais, e tu sabes que conheço muita gente...; mas vou-me indo porque ando cá com a ideia que, de tristeza, a Zefa até se esquece de alimentar as duas criaturinhas