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O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

Quando o viu, verde outra vez

Cristina Ribeiro, 27.10.09

 

 

naquele renovar que todos os anos testemunhava, mais ou menos por esta altura, apeteceu-lhe embrenhar-se nele, sentar-se na erva, desfrutar do sol que não haveria de durar muito. Pensou então na secretária cheia de papéis: que não, não seria sensato. " A sensatez, sempre ela! Amanhã dou-lhe uma folga ", prometeu-se.

 

Abril de 2008

Interrompo a leitura de « Fontes Pereira de Melo»,

Cristina Ribeiro, 27.10.09

 

para ler umas páginas mais das « Crónicas» de António José Saraiva ( quando não estou a ler ficção, vou lendo vários livros ao mesmo tempo ) e paro no excerto em que se refere à importância de interiorizarmos o conceito de Pátria: " O mundo é feito de diferenças, de coisas diferentes e definidas. Ora nós, se queremos ser alguma coisa, temos de ser portugueses. Temos de ter a Pátria portuguesa".

 

Novembro de 2008

Virou-lhe as costas, e deixou-o falar sozinho.

Cristina Ribeiro, 27.10.09

Pôs-se, então, a falar com os seus botões:  os botões de camélia que ele lhe dera,

 

 

pensando talvez que essa oferta seria uma panaceia para todos os males que lhe fizera nascer no coração. Cada um desses botões era uma promessa de ver desabrochar uma daquelas flores tão perfeitas. Farta de ver promessas desmoronarem-se, não iria deixar aquelas murcharem. Até pô-las em água, logo que chegasse a casa, iria falando com os seus botões- ouvira dizer que as plantas gostavam que se falasse com elas.

 

 

Novembro de 2008

Passávamos no Paul, quando vimos que alguém fazia fogueiras

Cristina Ribeiro, 27.10.09

 

 com as folhas de tília caídas- que as noites têm sido ventosas-, não para se aquecer, que frio não fazia, mas para tornar " mais limpo " o paul. Distraí-me do facto de achar encanto neste tapete castanho, para lembrar ( que seria de mim sem as minhas memórias? ) as vezes que fui, com as irmãs e primas mais velhas, apanhar folha para amaciar a cama dos porcos, evitando-lhes assim o contacto, doloroso, com o tojo, aquela planta espinhosa de flor amarela. A tornar mais rica esta evocação, juntam-se então as memórias da minha mãe: " Chegávamos a pegar-nos à bulha, porque cada uma de nós queria ajuntar a maior quantidade de folha possível ". Sabia agora da importância que estes quadrados irregulares, que o vento lançava ao chão, tiveram no passado; tanta, que podia ser motivo de peqquenas desavenças.

 

Novembro de 2008