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O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

A todos um Santo e Feliz Natal!

Cristina Ribeiro, 20.12.13


" Dezembro. Véspera de Natal. Quasi meia-noite. 

Na mesma casa, na aldeia. Interior a um tempo sala e lareira, parte em sobrado, parte em ladrilhos. 

Porta e janelas dando para o vale, mas agora cuidadosamente fechadas.

Ao cimo, contra a parede, a enorme chaminé de granito, avançando sobre o lar em esteios de pedra lavrada. Sob a chaminé arde um grande fogo, esperto e doirado como o sol de Junho. À roda, bancos de encosto, negros pelo fumo de muitos anos. Pertences domésticos: - a masseira, a talha da água, armários envidraçados onde alvejam as toalhas de linho, ou fartam os olhos abundosas e morenas boroas de pão ( ... ) . Em volta da fogueira um pequeno e familiar grupo de gente rústica. Os homens aquecem ao lume as mãos endurecidas pelos trabalhos da terra, consolados e felizes. As mulheres fiam, no mesmo gesto luminoso e rítmico, o linho das suas rocas.

( ... ). Sente-se que, lá fora, a noite é um vivo e glacial arrepio de frio e luar. O fogo da lareira incensa a casa no seu resinoso, sadio aroma........................................................................................................................................................................................................................ " 

António Corrêa d'Oliveira, « Auto das Quatro Estações »


E vêm-me à memória aquelas noites de Inverno passadas ao redor da lareira, na saudosa Casa -do- Forno da minha meninice. As noites de Natal, em que o Pai era o perfeito maestro, tentando disciplinar as vozes infantis que entoavam os cânticos que, pacientemente, nos ensinara. 

No espírito de cada um de nós, a esperança de que, mais uma vez, o Menino se não esquecesse de deixar um presente nos sapatinhos que, " com muito carinho e cheios de fé ", iríamos pôr na chaminé...