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O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

Tudo esquecemos, nada aprendemos

Cristina Ribeiro, 21.10.13

Tenho na mesa de cabeceira vários livros; de literatura apenas leio um à vez ( neste momento, « No Bom Jesus do Monte » ), mas outros vou consultando, a eles recorrendo amiúde. Um destes é « Sob o Nevoeiro », do conterrâneo Mário Saraiva. Lúcido, cedo me dei conta de que em muito me identificava com o seu pensamento; na questão agora abordada, a conclusão lógica e óbvia é corroborada pela experiência que nos está dado ser vivida, há já 38 anos, a qual justifica que nela só não me revisse se fosse masoquista; só se não parasse um bocadinho, pouco é necessário, para pensar na razoabilidade do que diz.

 

Pergunta ele: " Acaso o pluripartidartimo [ tanto em Monarquia como na República ] alcançou a representatividade nacional? "

 

Pergunta que faz anteceder das seguintes considerações: " Temos no país uma longa experiência que vem dos princípios do século XIX e não podemos desprezar os factos e ensinamentos que ela encerra.

 

No desmanchar da feira do partidarismo monárquico, Oliveira Martins, um dos maiores pensadores da sua geração, denunciava com a maior propriedade que « o deputado só legitimamente representa a opinião partidária » e também que « entre os partidos e a sociedade portuguesa , entre uns bandos de espectadores e uma massa de gente laboriosa, não há pontos de contacto íntimo, nem solidariedade ». ( ... ) É notável, pela clarividência que revela, o seu estudo « As Eleições », propositadamente posto no esquecimento, porque muito informativo para o público desprevenido.

 

Com o acto revolucionário de 1910 os ingénuos idealistas republicanos [ que também os houve ] não tiveram a percepção de que o mal que arruinara a vida política em monarquia era o do partidarismo, pelo que em vez de partidos monárquicos passaram a degladiar-se partidos republicanos.

 

As coisas e as pessoas são o que são, e não como se desejam. Os partidos políticos não podem ser diferentes de si próprios, porque não podem fugir à sua circunstancialidade. A prova que nos deram, em tão longa experiência ( partidarismo monárquico, partidarismo republicano ) foi a de que, com o tempo, em vez de se corrigirem e aperfeiçoarem,mais se deterioraram, por agravamento doss seus defeitos ".

 

Acrescento: porque está na sua natureza o autopromoverem os próprios interesses, em detrimento do interesse do povo que juram representar, do interesse nacional.