A impaciência crescia à medida que sentia o passar do tempo.
Já o escuro da noite, que durante horas a acompanhara naquele estado de vigília, dava lugar à claridade da manhã que agora rompia pela janela semi-aberta, e a lua cedia o lugar ao sol, que prometia iluminar mais um dia frio. Diálogos que guardara de tempos passados misturavam-se com outros imaginários, tão imaginários quanto os seus interlocutores. No corredor o silêncio apenas era cortado a cada meia hora por mais uma badalada do pêndulo do velho relógio de parede.
Não demoraria a ouvir a chilreada dos pássaros que, enganados na Estação, se tinham antecipado à Primavera, e se haviam recolhido no beiral da casa.Nessa altura talvez o sono vencesse, como já tantas e tantas vezes acontecera, e então deixar-se-ia embalar no aconchego, onde continuaria aqueles diálogos antes encetados, agora no mundo, imaginário também ele, do sonho.