Muito consciente da maior das ignorâncias em Filosóficas,
muito fruto da total inaptidão de um " professor ", daqueles que a confusão que se instalou no ensino no seguimento do 25 de Abril encarregou de leccionar uma disciplina em que, claramente, se sentia como peixe fora d'água, o interesse que mais tarde essa matéria me suscitou foi sempre sendo objecto de um " mais tarde ", até porque consciente da dificuldade do autodidactismo em tal sede. É assim que, nomeadamente do estoicismo apenas retenho, de leituras avulsas e muito superficiais, noções muito vagas, excessivamente vagas. Vem este mal-amanhado arrazoado a talho de foice, pois que entre os livros que ontem me calharam em sorte, um título me atiçou a curiosidade a pontos de com ele iniciar a leitura que uns dias de férias permite; « Cartas a Lucílio », de Séneca, de quem sei apenas ter sido um dos maiores expoentes dessa escola filosófica, de onde retiro este saboroso excerto: " Tanto aquilo que me escreves como o que oiço dizer de ti fazem-me ter boas esperanças a teu respeito: não viajas continuamente nem te deixas agitar por constantes deslocações. Um semelhante deambular é indício de uma alma doente.: eu, de facto, entendo que o primeiro sinal de um espírito bem formado consiste em ser capaz de parar e de coabitar consigo mesmo. " E convenço-me de que esta " amostra " promete belas viagens.