Fechar as portadas. Que havia muito escurecera,

sem que vislumbrasse estrelas, ou sequer o mais ténue sinal de que a lua fosse aparecer. A escuridão descera como o pano negro de que , pouco antes, a tia falara ter visto cair sobre o palco, quando, uns meses atrás, fora ao Teatro, lá na Capital.
Mas, e antes que as esquecesse, iria escrever, no Diário que mantinha desde que aprendera as primeiras letras, um presente da mãe, que sempre a incentivara nessa escrita intimista, as palavras que ouvira ao padre-cura, em mais um daqueles serões que, periodicamente, aconteciam lá em casa; que eram palavras da Bíblia, tinha dito, e diziam da lealdade que desaparecera de entre os filhos dos homens, e da duplicidade que havia no seu coração.
Só então cerraria as portas à tormenta que se desenrolava lá fora, e apagaria a vela.