Que perda!
Se fosse viva, a minha avó materna teria mais do que 120 anos: tinha a idade suficiente para ter passado por todos aqueles tumultos que marcaram os primeiros anos do século XX em Portugal. Tenho tanta pena de, na minha inconsciência da quase adolescente que era nos seus últimos anos, a sair de uma infância a que já chamei dourada, apesar dos pesares, longe ainda de me fixar naquilo que, alguns anos mais tarde, iria evidenciar-se na pessoa em que me estava a tornar - o gosto supremo de remexer no passado -, não ter conversado com ela sobre as muitas histórias que viveu. Tantas, avó, tantas, certamente. Quantas saudades.