Brincar às casinhas...
Agora que já tinha duas irmãs grandinhas, nunca mais pensei em jogar ao pião.Tínhamos de improvisar: ver sardinhas nas folhas da laranjeira, café na terra, arroz no areão, e pratos nos cacos de telhas partidas, mas a diversão estava garantida, com uma de nós a fazer de cozinheira, à vez, senão havia zanga pela certa.
Por vezes havia convidadas para o jantar, invariavelmente umas primas vizinhas, e lá vinha a cozinheira dizer que o arroz não chegava.
Por essa altura vendia-se na feira local umas bonecas pequeninas, de plástico, que custavam vinte e cinco tostôes - quando arranjámos dinheiro para comprar uma, passámos a ter uma filha, mas uma filha que era das três. Lembro de irmos à costureira, que nos fazia os vestidos, pedir sobras de tecido para vestirmos a nossa filha: coitada, nenhuma de nós tinha jeito para a costura, e parecia um espantalho...
Brincadeiras que me fazem sorrir quando as recordo. E como gosto de as recordar!