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O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

O Tempo, esse grande escultor....

Cristina Ribeiro, 20.02.21

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É o Inverno!.. Chove a cântaros, chove " que Deus a dá "..., e olho pela janela os campos tão verdes; flores, só as da magnólia, que ainda não é Primavera,...Mas gosto destes dias de chuva, tão propícios àqueles momentos de " peregrinação interior " e de incursões na memória, que sempre me trazem sorrisos , momentos felizes...Hoje, o coração a pedir-me um olhar mais demorado por aqueles sítios blogosféricos que tanta companhia me fizeram num passado não muito longínquo, mas já tão saudoso...Que tempos, meu Deus, que tempos!...

Porque já é Outono...

Cristina Ribeiro, 07.11.16

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Que azáfama que ali vai! É tempo de podar as árvores que nos acolheram no Verão à sombra das suas folhagens. E um sentimento de tristeza: a catalpa amiga que vejo do meu quarto, onde me refugiava nesse tempo de canícula agora totalmente nua, agora despojada das folhas largas, magnânimos verdes leques ... No chão a roupagem outonal que trajou até há bem pouco tempo, amarela aqui e ali, mas verde ainda, num verde desbotado talvez... Uma certeza porém, a consolar a visão castanha, de tronco ferido: mal o Inverno comece a despedir-se elas, as folhas verdes, muito tenrinhas no começo, muito delicadas ainda, voltarão e com elas a alegria da paisagem verde...

" Está do vosso agrado, o cabritinho? "

Cristina Ribeiro, 20.02.15

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Perguntava a sorridente dona do restaurante da beira-da-estrada, onde paráramos, adiantada que ia a hora para calarmos o esfomeado estômago; porque isto de apreciar paisagens de encher o olho não era de modo a satisfazer o vazio que há muito sentia, ia dizendo... E pronto! lá estávamos nós frente a crepitosa lareira, enquanto lá fora o céu muito azul convivia com o frio que enchera de neve a serra que da janela nos espiava, numa brancura imaculada. Estávamos, mais uma vez, em terras de Barroso. Vilarinho de Negrões, havíamos nós lido na tabuleta à entrada da acolhedora povoação. Que sim, o manjar estava de jeito a ninguém botar defeito...

...

Cristina Ribeiro, 19.12.13
" Não me envergonho de mudar de opinião, porque não me envergonho de pensar "
 Uma máxima que faço minha quando se trata de ajuizar sobre um assunto. Para tanto, até que me sinta capaz de o avaliar, só um caminho se me abre: estudá-lo, pensá-lo, e, desse modo, aprender; como digo muitas vezes, e nisso aproprio-me do pensamento inscrito num  blogue amigo, por o achar tão verdadeiro, " Dia em que se não aprende nada é um dia perdido ".
Não raro chego a conclusões que fazem com que muita gente me olhe de esguelha:" como é que pode pensar assim??? " leio em muitos olhos e entrelinhas. Porque, a dado passo da minha vida, comecei a querer, repetindo José Régio, " não ir por aí "; seguir pela estrada " por onde me levam meus próprios passos ".
E quando vejo que me olham de esguelha, lembro-me de Schopenhauer:
 "Toda a Verdade passa por três fases!
Primeiro, é ridicularizada.
Segundo, é violentamente atacada.
Terceiro, é aceite como evidente"

Não me lembro de que ano, mas foi num 31 de Março

Cristina Ribeiro, 01.03.12

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 que o cimo da escrivaninha do meu irmão se encheu com os livros de Eça de Queiroz  editados pela  « Livros do Brasil » .

Foi uma surpresa não só para ele, mas para os outros irmãos, que já afilavam o dente ao ver aquela colecção inteirinha à nossa espera.

                Mas esperava-me um balde de água fria: Só podes entender estes livros quando tiveres 15 anos, disse o meu pai, quando viu o olhar guloso que lhes deitei.

Deve ter sido por essa altura que comecei a visitar regularmente a escrivaninha do meu irmão.

Primeiro dia de 2009.

Cristina Ribeiro, 13.11.10

 

 

 

Chegada agora mesmo do Quénia, aonde fui transportada pelo filme « Algures em África », voo directamente para Viena aonde vou ouvir ( milagres da Tecnologia DVD ) o Concerto de Ano Novo;.Não tardará, espraiar-me-ei pelas margens do " Schone Blau Danau ", que fui encontrar cinzento ao passar pela cidade de Maria Teresa, e mais azul, mas por certo muito longe do encanto imortalizado pelo irmão Strauss, uns anos depois, na outrora também Absburguesa Budapeste.

 


Fim de festa. Um novo ano que começa.

Cristina Ribeiro, 13.11.10

 

 

 

 

Na mesa expõem-se os despojos de quase duas semanas de hostilidades benfazejas. Alguns aviam já as malas para, logo de manhã- " Bem cedo. Temos de evitar as filas de carros " -, rumarem a outros sítios mais ou menos longínquos.

Entretanto, bebe-se até à última gota do cálice ainda entre  nós, porque esse é um luxo que não podemos esbanjar.

As últimas gargalhadas, as últimas impressões,  " até à próxima oportunidade ".

O chá de jasmim arremata o jantar em que as palavras ditas,  e as que se adivinhavam, correram livremente, num leito sem fundo.

Aquecem-se as saudades que já se sentem.

 

Cada um de nós refugia-se no pensamento de que o reencontro será para breve.

 

E é então que me parece ouvir o eco da voz da Tia Doroteia: "Já te deitaste? Já dormes? ". Desligo o computador.

Trinta e um de Dezembro. Acaba o ano de 2008. Chegam os amigos,

Cristina Ribeiro, 13.11.10

 

 

 

cada um deles traz o seu  contributo para a ceia.

No leitor, Nat King Cole vai aquecendo o ambiente, que trataremos de não deixar arrefecer, deitando achas na fogueira da amizade.

Depois virão as rabanadas e os formigos, num crescendo de doçura.

                         Tudo regado com vinho do quente Alentejo.

 

Quando, há momentos, abri a porta do frigorifico, para que uma amiga lá deixasse um bolo, disse-lhe: nunca ele esteve tão cheio, ao que ela replicou: é um bom prenuncio...

 

       Que as uvas, aqui ladeadas pelas tão da época maçãs da-porta-da-loja, vos tragam coisas boas no Novo  Ano!...

Foi um comentário no Estado Sentido,

Cristina Ribeiro, 22.05.10

 

 

deixado pelo António: " Pelo que apreendo do seu pensamento que tenho acompanhado ao longo dos tempos, deduzo que a Cristina não se revê em qualquer modelo actualmente existente ".

Depois de ter respondido que, obviamente não, reconhecendo o meu idealismo, o de viver numa monarquia constitucional como a que ( por tão pouco tempo! ) foi protagonizada por D. Pedro V, fiquei a pensar: não é só em termos políticos que me sinto desenraizada - vejo-me a viver num país cuja História me enche de orgulho, ainda que, vistos à luz d'hoje, alguns dos seus episódios não sejam motivo de orgulho, mas, quando olho à minha volta me entristece - muito -: antes do mais porque já tenho idade para ter visto como ele era antes; quando olho para os pedaços da minha aldeia que resistiram à avalanche destrutiva lembro que toda ela era assim, e recordo que, antes desta onda gigante de consumismo, tudo era mais simples, e éramos mais felizes. E lembro que, de certo modo, a qualidade de vida das pessoas era muito melhor: havia muitos menos automóveis nas estradas, mas havia transportes públicos, sem se ouvir a toda a hora buzinadelas, e o caminho, a estrada, era quase toda nossa.

Quase toda a gente na aldeia tinha o seu pedaço de terra, a cujo cultivo se dedicava em exclusivo, ou acumulava com o trabalho nas fábricas vizinhas, enquanto a mulher, em casa, ia trabalhando nessa mesma terra- quem não a tinha, contava muitas vezes com a solidariedade dos vizinhos, para quem, muitas vezes, trabalhava ao jornal.

É a perda deste tipo de vida que explica que já não haja, com poucas excepções, como quanddo os emigrantes vêm de férias, tantos bailaricos, tantas romarias.

Não é saudosismo, é constatar que o desenvolvimento do país poderia ter sido feito sem perda de identidade.