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O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

“ Portugal forte como condição da Aliança Peninsular “

Cristina Ribeiro, 06.02.22

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Excelente intervenção de Pequito Rebelo nesta polémica, que começou quando se pôs em causa o patriotismo do grande ideólogo do Integralismo Lusitano, António Sardinha. Logo vieram a terreiro, para a defesa do autor da Aliança Peninsular vários contendores; mas d’entre todos destaco a lucidez, sensatez e perspicácia do autor da Pela Dedução à Monarquia. E com que autoridade intelectual desafrontou o seu Mestre e condiscípulo de tão descabida acusação!…

Recolhido vos vejo, Fernão Mendes,

Cristina Ribeiro, 12.05.16

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bem ao contrário do vosso natural..

. - Tendes razão, meu amigo; estou aqui a perguntar-me se devo ou não levar ao prelo as minhas andanças pelo Oriente, como quer minha pena...

- Bem vos entendo, porquanto mui fantasiosas parecerão, a quem as ler, essas estórias que animam os serões de vossa casa, apesar de as saber eu verdadeiras.

- Vedes, pois, porque duvido do acerto da empresa...; mas, adiante, que delas quero deixar notícia...

 

 

.

« Terra do Sul »

Cristina Ribeiro, 12.05.14
 
 
 

" Canta o « Suão » p'la força da estiagem
e, á caustica vertigem de a abrazar,
em crispações de luz cai na paisagem,
ébrio de raiva, o sol canicular.

 

 

Do saibro vivo que arde entre a folhagem
ao largo uma cegonha ergue-se ao ar
e contra o vento as asas mal reagem,
cansadas já de tanto se exforçar.

 

 

Na farta ondulação da cor, os olhos
recolhem da impressão mordente e vasta
só traços discordantes de arabesco.

 

 

Perdidos por alqueives e restolhos,
em torno deles tudo o mais se empasta
como um borrão violento ainda fresco. "

 

                 António de Monforte

                 ( António Sardinha )

 

No dia em que se comemora o Santo, lembrar o Herói.

Cristina Ribeiro, 06.11.13
" Como não é possível separar o santo do herói, o homem de Estado do homem de Religião, o monge do paladino, tendo em vista que durante toda a sua vida foi Nun'Álvares o mesmo em santidade, em belicosidade e em acção política, parece estranho, à primeira vista, que elevemos aos altares um guerreiro que desembainhou a espada, não em luta contra os inimigos da Fé, mas contra um povo irmão em cristandade e além do mais aparentado com os portugueses pelos vínculos étnicos e históricos. ( ... ) Eram os de Castela bons cristãos, e no entanto se atiravam contra Portugal numa invasão sob todos os títulos injusta. ( ... ) Ao contrário do que sucedeu com muitos nobres, a intuição popular logo sentiu que se jogava , afinal, com a integridade da própria personalidade política da Pátria, sujeita a ser absorvida e para sempre apagada. E Nun'Álvares, não somente pelo seu génio, como pelo contacto com o povo nos tempos de lavrador nas suas terras de Entre Douro, viu claramente do que se tratava e rompendo laços fraternos, pôs-se a caminho de Lisboa, onde jurou fidelidade ao Mestre de Avis. Vêmo-lo, daí por diante, a batalhar no Alentejo, a comparecer na grande Assembleia de Coimbra, onde se discute o problema da sucessão. ( ... ) Tinha já Nun'Álvares bem feita a ideia de que Portugal era uma Nacionalidade, com marcada missão no mundo e destino muito próprio. 
............................................................................................................... A lição maior de todas as que nos legou Nun'Álvares é, entretanto, a da sua própria santidade. Ele nos ensinou que tudo o que se faz na terra deve ser com os olhos e o coração postos no céu. Sendo rico fez-se pobre, e sendo grande fez-se pequeno. Ensinou-nos que o supremo destino do homem está em Deus. "
Plínio Salgado in Revista « A Nação »

Dele me lembro ao atravessar terras de Amares.

Cristina Ribeiro, 26.01.11

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Por aqui, onde se guarda, contra ventos e marés, e apesar dos pesares, muito do pitoresco da Região, retém-se a memória de um grande Poeta- Poeta do Neiva-, contemporâneo de Bernardes, o Poeta do Lima posto que a este anterior no nascimento, e de Bernardim, de quem foi  amigo dilecto, e que tendo começado o seu versejar à moda antiga, acabaria, também ele, por seguir por caminhos do Renascimento.

Recorda-o, em forma de livro, o aqui nascido, e nosso contemporâneo,  Agostinho Domingues, o filólogo que comemorou em 2008 o 450ºaniversário da sua morte com a « Nova Homenagem a Sá de Miranda ».

É aqui que encontro, inserido numa mais vasta recolha de textos a ele dedicados,  o excerto de um estudo de Carolina Michaelis, que vejo como paradigmático: « A sorte da nação não lhe era indiferente. De longe ( do Minho ) seguia com interesse os menores incidentes políticos. Os favores e as desgraças, que assinalavam a existência dos homens que tinham entre as mãos os destinos do País, comoviam-no profundamente»,  detectando, assim, nesse atento seguir do que na corte sucede « a vigilância do patriota ».

Quis a Providência que, exactamente 232 anos depois

Cristina Ribeiro, 04.12.10

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de, no Campo de S. Mamede, em Guimarães, se ter desenrolado  a Batalha que abriria as portas ao nascimento de uma nova nação, viesse a nascer, provavelmente em Flor da Rosa, arredores do Crato ( dizem-no, outros nascido em Cernache de Bonjardim, Sertã ), aquele que, para mim, personifica, logo depois do nosso primeiro Rei, o mais alto grau de amor à Pátria.

Com efeito, se este, Príncipe ainda, começava ali um longo combate que culminou nessa tão sonhada independência, o testemunho, a manutenção desse sonho, dois séculos depois só não cairia em saco roto porque, à frente de outros patriotas surgiu a figura do Condestável.

               Mas D. Nuno Álvares Pereira não se limitaria a ilustrar a história pátria com esta sua faceta guerreira e patriota. O alto exemplo que nos legou ficaria para sempre marcado pelo lado humano e caritativo que « Com a paz com Castela firmada a 31 de Outubro de 1411 » o permitiria « dedicar-se com maior intensidade às obras de misericórdia, criando casas de abrigo para doentes viúvas e orfãos. O seu amor ao próximo não conhecia raça ou crença, e assim acolheu nas suas terras, mouros e judeus, construindo Mesquitas e Sinagogas » ( « D. Nuno Álvares Pereira - Um Santo Para o Nosso Tempo »,in Boletim da Fundação D. Manuel II .

Até para fazer justiça a estes heróis

Cristina Ribeiro, 13.11.10

 

lembrados por João Amorim,  e aqui referidos pelo Nuno, denunciando a  forma torpe como foram tratados, a minha esperança está, só, no futuro: somos um povo com memória, e quando esta poeira, que anda no ar há já tempo demasiado, pousar, será a altura de lembrar.

                   Acredito que não se trata de mero wishful thinking: uma Nação antiga como a nossa sempre lembrou os seus maiores; um compasso de espera, apenas. No Futuro, no Futuro...

« Um D. João de Castro da burguesia do século XIX »

Cristina Ribeiro, 01.11.10

" Uma pessoa conhece-se pela consciência como um veleiro pelas velas, e a de Herculano era vasta e de muito vento. O seu temperamento, tipicamente português. Oliveira Martins, que sabia de homens, chamou-lhe um « D.João de Castro do século XIX », e era; (... ) além de um homem de carácter.

Ora aí está o que Herculano foi toda a vida: um homem de vergonha. Essa verdadeira profissão o aparentou com os portugueses mais fortemente belos, e por isso mais duros de roer, que Portugal tem tido, como Sá de Miranda, que se retirou para a Tapada, como Herculano para Vale de Lobos; e digo principalmente Joaquim Mouzinho de Albuquerque, que, se não precisou de lições de ninguém para ser bravo, parece ter aprendido com Herculano o asseio e o estilo do Livro das Campanhas e da carta a D. Luís Filipe. ( ... ) o homem sério que encheu quarenta anos da vida portuguesa de algumas lágrimas bem choradas."

 

Vitorino Nemésio in « Herculano »

Homenagem a António Manuel Couto Viana

Cristina Ribeiro, 08.07.10

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 1923-2010

 

Sobre o homem que foi António Manuel Couto Viana, não resisto a contar da impressão que me deixou na escassa pouco mais de meia hora que com ele contactei: tinha vindo a Guimarães fazer uma conferência sobre Alfredo Pimenta. Entre  os que o acompanhavam estava o jornalista António Valdemar, o qual, desprezando as grandes diferenças ideológicas, é amigo do meu pai. Também o foi  -muito, pelo que me foi dado assistir, de Couto Viana: este, sofrendo já muito dos pés, era no jornalista que se amparava -; daí que tivesse trazido o poeta cá a casa, à biblioteca paterna.

Tive o privilégio de com ele conversar um bocado, mas o bastante para sentir que tinha pela frente um  senhor de grande cultura, mas, acima de tudo um homem bom

Descanse em paz.

Ainda bem que o Pedro nele falou , na altura do seu centenário

Cristina Ribeiro, 20.04.10


Nesse outro grande português, que, como se tem tornado habitual, é esquecido por quem não deveria nunca fazê-lo: aqueles que, a cada 10 de Junho enfeitam o pescoço de dezenas de pessoas que nada fizeram que fique na História, mas esquecem quem na mesma deixou marca indelével.

Paladino da descentralização, do municipalismo, que falta faz um Homem como Alexandre Herculano! Antes que ( deve ser a estes " reizinhos ", que vão nus, que se refere o Embaixador, porque o Rei nunca embarcaria numa coisa dessas ) os " senhores " a quem o poder caiu no colo, e só sabem lidar com ele num único sentido: o bem de cada um deles, terminem a tarefa de destruir Portugal.

Pois, lá volto eu à vaca fria: o maior poder dos munícipes, nas decisões que afectam o seu concelho, o que só se fará pela democracia directa!

Ele que, lê-se num texto de Oliveira Martins, a que cheguei via Blasfémias, " chorava quando via as tendências centralistas e socialistas – confessas ou inconscientes – dominarem nos governos e oposições "