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O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

Embrenhada na leitura do primeiro dos dois

Cristina Ribeiro, 17.11.09

 

volumes sobre as duas guerras mundiais, fácil se tornou o extrapolar para o que em Portugal se passava à época: recorro à compilação dos fascículos, assinados por Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes, publicados pelo Diário de Notícias: « A guerra não desatou o nó górdio. Também não foi a última das guerras. O mundo novo prometido não passou de uma grande ilusão. Os povos europeus, destroçados (...) , foram-se erguendo sobre os seus mortos». A revolução da rotunda acontecera havia pouco tempo, e a participação de Portugal no conflito, através do Corpo Expedicionário Português, apenas visava os interesses dos próceres do Partido Republicano, que assim pretendiam a aceitação internacional, sem olhar a meios.

 

 

" Longa, dolorosa, mortífera, a Grande Guerra

Cristina Ribeiro, 17.11.09

 

 

viu matarem-se entre si milhões de homens que, ainda na véspera, juravam « guerra à guerra » (...) Após 1918, transformados em antigos combatentes, nem uns nem outros puseram em dúvida a legitimidade do seu sacrifício: haviam combatido pela defesa da pátria e a guerra que tinham feito era uma « guerra justa ». Durante cinquenta anos não pararam de o repetir .Porém, ainda no decorrer das hostilidades, uma dúvida nasceu nalguns deles: teria algum sentido a continuação da guerra? "

 

" Comparando os efeitos do tratado de Versalhes ( 1919 ) aos do Congresso de Viena ( 1815 ) , Henry Kinssinger, no seu livro« O Mundo Restaurado », observa que este último garantiu à Europa várias décadas de paz, ao passo que, desde o primeiro dia após aquele fez-se sentir um cheiro a guerra, que acabou por deflagrar menos de vinte anos após a sua assinatura(...) porque em 1815 as potências vitoriosas sobre Napoleão souberam poupar a França, país vencido (...) Essas potências tinham combatido e agido em nome da legitimidade, e em seu nome restabelecersam quase todas as fronteiras de 1792, e devolveram o trono ao legítimo herdeiro da monarquia, Luís XVIII. Em 1919, as potências vitoriosas longe de pouparem os vencidos, humilharam-nos." Uma visita à livraria revelou-se deveras frutífera, pois que, entre outras aquisições, estes dois volumes de Marc Ferro prometem algumas horas de proveitosa leitura. São os primeiros que dele leio, mas o que já tinha lido sobre o historiador francês situam-no na linha de Jacques Le Goff e de Fernand Braudel, esses sim, já conhecidos, o que é já uma garantia de honestidade histórica. O que acabo de confirmar após uma rápida leitura das páginas iniciais.

 

 

  Aditamento: oportuno comentário do João Pedro " Eu não diria que nas décadas após o Congresso de Viena a paz se tenha espalhado: passámos nós, os portugueses, por muitos anos de árdua guerra civil, assim como os espanhois, e em 1848 deu-se o "ano das Revoluções". Depois disso, e tirando a Guerra Franco-Prussiana, é que se pôde dizer que houve uma era de paz, até à explosão que deflagrou em Sarajevo. Marc Ferro é um historiador muito recomendável, e parece-me que agora tem tido mais atenção editorial. No livro "Sete Homens em Guerra", que apenas li em parte, chamo a atenção para as primeiras impressões que Mussolini teve de Hitler ".