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O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

O Tempo Esse Grande Escultor

Um arquivo dos postais que vou deixando no Estado Sentido, mas também um sítio onde escrever outras coisas minhas..Sem Sitemeter, porque pretende ser apenas um Diário, um registo de pequenas memórias...

"A paz virá quando os árabes amarem os seus filhos tanto quanto nos odeiam".,

Cristina Ribeiro, 26.12.10

disse em 1957 uma Golda Meir conhecedora do que estava - e está - em causa numa guerra de que se vislumbram sinais do fim, apesar dos apelos que, em cadeia, se multiplicam por esse mundo todo, como aquele que ontem mesmo o Papa enviou aos políticos do Oriente Médio,  ciente de que ali naquele pedaço de terra se ateou uma fogueira que a todos pode queimar.

Este caso mostra que o amor a que ela aludia é ainda uma miragem

Presa à leitura das muitas e variadas polémicas

Cristina Ribeiro, 23.12.10

 

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em que Camilo se comprazia debatendo com gente mais ou menos grada do seu tempo, coligidas e comentadas por Alexandre Cabral, injustamente a veia menos realçada do consagrado romancista, pois que dela sairam saborosíssimos pedaços de prosa, sempre apimentados por uma espontaneidade e frontalidade que o faz recorrer aos mais vernáculos termos, numa verve não raras vezes acintosa, paro -  porque me lembra a que sustivera três anos antes, 1877, com a autora, também ela estrangeira, de um livro lido há tempos - « A Formosa Lusitânia » -, na que o opõe à autora de « Portugal Visto de Relance », a Princesa Rattazzi.

Uma polémica em que intervieram várias figuras contemporâneas, como o Visconde de Villas Fortes, que expõe, em traços largos, o fundo em que a mesma se irá processar: " Chegou a Lisboa uma dama, que gozava lá fora da fama de literata mais ou menos distinta, porque tinha publicado em francês alguns livrinhos literários. A vinda de semelhante escritora não era, realmente, para causar entusiasmo, muito menos entre os nossos escritores, mas a tal senhora era viúva de um príncipe " razão pela qual " os jornais de Lisboa e os de quase todo o reino começaram a chamar ' raro ' ao talento da princesa e terminaram por levar às nuvens o ' génio ', o estilo, a escola, o gosto e a erudição nunca vista da distinta escritora ".

É aqui que Camilo entra a esgrimir contra a visão de um país retrógado e provinciano que de Portugal a princesa publicita, não a poupando a palavras duras de quem vê no livro acabado de ler uma ofensa de pura calúnia, ao país que entoara tão grandes loas à viajante escritora.

Estava tanto frio. E lembrou ter o pai contado, numa noite fria assim,

Cristina Ribeiro, 19.12.10

 

 

 

que um burrinho ajudara a aquecer aquele menino que há muito tempo havia nascido em Belém, lá longe, num país desconhecido, mas o menino, esse, conhecia-o ele, pois que todos os anos, em noites frias assim, ficava lá em casa deitado numa caminha de palha que o pai lhe arranjava, pertinho da lareira, onde o frio não entrava. Tinha agora de fazer o mesmo pelo Castanho, o burro que lá no curral, junto ao gado que todos os dias pastoreava, devia estar a tremer de frio; o Castanho tão amigo, que o olhava com aqueles olhos tão meigos...

Levantou-se, e depois de trocar um olhar cúmplice com o menino na caminha de palha, foi buscar uma manta: o Castanho ia ficar quentinho.

Quis a Providência que, exactamente 232 anos depois

Cristina Ribeiro, 04.12.10

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de, no Campo de S. Mamede, em Guimarães, se ter desenrolado  a Batalha que abriria as portas ao nascimento de uma nova nação, viesse a nascer, provavelmente em Flor da Rosa, arredores do Crato ( dizem-no, outros nascido em Cernache de Bonjardim, Sertã ), aquele que, para mim, personifica, logo depois do nosso primeiro Rei, o mais alto grau de amor à Pátria.

Com efeito, se este, Príncipe ainda, começava ali um longo combate que culminou nessa tão sonhada independência, o testemunho, a manutenção desse sonho, dois séculos depois só não cairia em saco roto porque, à frente de outros patriotas surgiu a figura do Condestável.

               Mas D. Nuno Álvares Pereira não se limitaria a ilustrar a história pátria com esta sua faceta guerreira e patriota. O alto exemplo que nos legou ficaria para sempre marcado pelo lado humano e caritativo que « Com a paz com Castela firmada a 31 de Outubro de 1411 » o permitiria « dedicar-se com maior intensidade às obras de misericórdia, criando casas de abrigo para doentes viúvas e orfãos. O seu amor ao próximo não conhecia raça ou crença, e assim acolheu nas suas terras, mouros e judeus, construindo Mesquitas e Sinagogas » ( « D. Nuno Álvares Pereira - Um Santo Para o Nosso Tempo »,in Boletim da Fundação D. Manuel II .

A chuva cai a potes!

Cristina Ribeiro, 04.12.10

 

 

Quando ontem de manhã, estava um lindo amanhecer, os vi, por certo que já levavam um par de horas naquele sachar da terra, a prepará-la para receber as batatas em semente, que chegada é a hora de o fazer, passadas que são, e nisso se põe grande esperança, as grandes geadas, que tudo levam.

Poucos e idosos, que estes homens e mulheres são dos que ainda resistem ao chamado das fábricas, sorvedouro das gentes novas, desgraça das terras que ficam por cultivar, em breve ocupadas por mais daquelas casas que proliferam como cogumelos.

Quando hoje a manhã surgiu cinzenta e com uma cortina de chuva, pensei não os encontrar, à espera que melhor tempo fizesse. Mas não; lá estavam, de enxadas na mão, a terminar o que tinham começado, que o apelo da terra foi mais forte do que os aguaceiros, que fintavam com as serapilheiras pela cabeça...

               A esta hora, o sol há muito que acorreu , talvez condoído da sua sorte.

Nessas viagens " de Norte a Sul ", o Alentejo

Cristina Ribeiro, 04.12.10

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era a zona do País por nós preferida na Primavera.

Não sei já porque razão aquele fim-de-semana iria ser prolongado, mas o certo é que sabíamos ir encontrar aquelas planícies sem fundo, numa ondulação movida pela leve aragem, de um verde semeado de flores de cores que iam do branco ao roxo.Tudo isto debaixo de um céu muito azul.

O destino era Sousel, no Distrito de Portalegre, a partir da qual visitaríamos, conforme planeáramos já, Avis, Estremoz., Arraiolos ( aonde voltaríamos com mais vagar ), Mora,..

De caminho iríamos ver como estava o Mosteiro  da Flor da Rosa, de que ouvíramos estar a ser reconstruído, que sabíamos ter estado ligado às Ordens de Malta e Hospitalários, ter ali vivido o pai de D. Nuno  Álvares Pereira, tendo o Condestável aí nascido, quando aquele era Prior do Crato, e acabara de ser referido na série de episódios televisivos « Malta Portuguesa ».

          Estava ainda em ruínas, e só uns anos mais tarde ( dois? ) ficaríamos na então recém inaugurada Pousada.

 

« Desta língua que é símbolo e sinal da nossa independência

Cristina Ribeiro, 04.12.10

 

e da nossa soberania. (...) O território nacional, a terrra Patrum, a terra dos nossos maiores, é considerado - e muito bem -, elemento básico, fundamental, de soberania e de independência. Não se pode bem considerar soberano e independente o Estado e um Povo, sem base territorial.

Mas, por seu lado, a Língua Nacional, a língua pátria, não deve ter-se em menor conta que o território, como fulcro de unidade »

 

               Quando o meu pai mo emprestou, disse-me que me iria prender como se de um bom romance se tratasse. E assim tem sido.

Dou comigo a pensar no que não daria para ter ao alcance de um  botão, que se liga para nos dar entrada num mundo maravilhoso ou, pelo contrário, degradante, consoante as escolhas de programação, um programa televisivo como o que depois foi transcrito para o papel. Um programa que desfizesse as muitas dúvidas linguísticas - tantas!- que vão surgindo.

E, aquando do debate sobre o malfadado  acordo ortográfico, vimos já que não é por míngua de bons linguistas...; é, tão só, por opção programática.

« Também nesta casa a vida do escritor foi tudo menos fácil ».

Cristina Ribeiro, 04.12.10

 

Em «A Paixão de Camilo: Ana Plácido », Rocha Martins escreve que ' à porta de Camilo geraram-se sempre novelas: lá dentro do lar, passava-se o seu drama '  »

Leio, da Editora Opera Omnia, e de autoria de Secundino Cunha, « Casas de Escritores no Minho », e detenho-me nas fotografias daquela que melhor conheço -a de S. Miguel de Seide..

           Se na primeira visita me encontrava totalmente alheada  deste tão grande drama, quando pela segunda vez fui à casa que testemunhou os seus males, mas onde escreveu páginas e páginas que para sempre lhe valerão a imortalidade estava já bem ciente desse drama pessoal.

 

 

em conversa com pessoa que a elas assistiu,

Cristina Ribeiro, 03.12.10

 

 

 veio a talho de foice: o Padre Raul Machado e as Charlas Linguísticas,  que terá mantido na RTP, fins dos anos cinquenta, inícios dos  sessenta-  "Aquilo é que era saber, é que era tratar bem a Língua Portuguesa! "

 

E dei comigo a ter saudades de uma Televisão assim- de serviço público, mesmo, e não a enganar os pategos que somos nós. A falta que ela nos faz!

Uma televisão que embrutece, será o que merecemos?Talvez fosse  um bom recomeço.Sim, porque como estamos, o melhor é começar do zero; e quando se constrói uma casa deve começar-se pelos alicerces.

 

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